sexta-feira, 5 de maio de 2017

Enem – Mas Não Se Estuda Para Prova de Redação…


Como professora de Língua Portuguesa que ministra aulas de leitura, produção de texto e aspectos gramaticais, percebo uma diferença de desempenho entre as avaliações de Português e de Redação. A impressão que tenho é que os meus alunos estudam muito mais para a primeira prova, na qual são cobrados conteúdos de interpretação de texto, gramática normativa e leitura de livros paradidáticos, por exemplo, do que para a segunda prova; inclusive, já ouvi alguns dizendo que não se estuda para uma avaliação de produção de texto, que não é necessário se preparar para uma prova de redação… Ledo engano, meus caros.
Seja para um teste de produção textual na escola, no Ensino Fundamental II e no Ensino Médio, seja para uma prova na graduação na qual o aluno deverá escrever uma resenha, um resumo ou um ensaio, seja para prestar um exame como qualquer vestibular ou o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), é preciso estudar.
Em relação aos estudantes que ainda estão nas escolas e aos alunos de cursinhos pré-vestibulares, tanto as apostilas quanto os livros didáticos de Língua Portuguesa ou de Linguagens abordam conteúdos relativos à escrita; no caso do Ensino Médio e dos cursos preparatórios há, inclusive, um indesejável estreitamento do currículo, decorrente de provas de redação como as do ENEM, por exemplo, que só exigem do candidato a escrita de uma dissertação-argumentativa. Há, até, livros didáticos e apostilas de redação ou de produção de texto especializados, ou seja, dedicados apenas a este tema.
Ao estudar para uma avaliação de redação, obviamente que ler e escrever os mais variados gêneros e tipos textuais é fundamental e de extrema importância, mas muitos alunos não mantém uma frequência e um ritmo adequados de escrita e não analisam textos.
Neste exato momento, estou trabalhando o gênero “crônica” com meus alunos do 8º ano do Ensino Fundamental: lemos várias crônicas nas apostilas e outras que levei como material extra, debatemos os temas abordados, respondemos exercícios de interpretação de texto, estudamos aspectos formais como estrutura composicional, estilo, temas e conteúdos, linguagens etc. e quando chega o dia da avaliação ou de fazer uma crônica, a maioria trava! Está certo que este é um gênero complexo de se ensinar, até porque os jovens não têm o costume de ler jornais e revistas, suportes nos quais as crônicas são publicadas, mas se eles analisassem os textos já lidos e procurassem outros para ler, sua compreensão se ampliaria.
A leitura de outras crônicas, artigos opinativos, editoriais, notícias, dissertações-argumentativas, cartas de diversos tipos, narrativas dos mais variados tipos, dentre outros, não tem a função de copiar estrutura, estilo, linguagem, frases prontas etc.; a leitura de outros textos do mesmo gênero ou tipo que você está estudando serve para analisá-los e para que você encontre os muitos modos de se escrever um mesmo gênero ou tipo, já que, no caso das crônicas, por exemplo, há crônicas subjetivas, reflexivas, objetivas, dentre outras, que variam em seus temas, linguagem, interlocução etc.

INFOENEM

Nenhum comentário:

Postar um comentário