sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Como se escreve?

1. Manteguera – a forma correta é “manteigueira”. A vogal “i” é omitida na pronúncia, mas está na palavra original (manteiga) e no sufixo “eira”, que indica local.
2. Xuxu – o correto é “chuchu”.
3. Apartir – deve vir separado, sem crase nem acento agudo: “a partir”. Assim como “a gente” (no sentido de “nós”).
4. Esteje – o certo é “esteja”. O professor já constatou o mesmo erro com os verbos “ser” (“seje” em vez de “seja”, o correto) e até “ter” (que vira “teje”, em vez da forma correta “tenha”).
5. Menas –  “menos” é sempre com “o”.

Gramática Para Quê?

capim o comeu boi 

É claro que você entendeu a minha mensagem aí em cima, certo? Não? Ora, mas as palavras que eu queria dizer estão todas ali! Por que será que você não compreendeu? Será um problema seu? Ou meu?
Bem, o problema é da frase: nela falta uma ordem lógica (a sintaxe), que estabelece o ‘rumo’ da mensagem, a função e o significado dos termos, em linguagem técnica, falta o que se chama ‘gramaticalidade’. E que diabos é ‘gramaticalidade’?
Segundo o dicionário Houaiss, é “característica de uma sentença gramatical, ou seja, aquela que foi gerada pelas regras da gramática de uma língua”.
Isso quer dizer que não é possível apenas amontoar as palavras de qualquer jeito para construirmos nossas mensagens. Com isso concorda Othon Moacir Garcia, ao afirmar que: “Nossa liberdade de construir frases está, assim, condicionada a um mínimo de gramaticalidade – que não significa apenas nem necessariamente correção (há frases que, apesar de, até certo ponto, incorretas, são plenamente inteligíveis). Carentes da articulação sintática necessária, as palavras se atropelam, não fazem sentido – e, quando não há nenhum sentido possível, não há frase, mas apenas um ajuntamento de palavras.”1
“Então preciso saber de cor todas as regras da Gramática para escrever bem?” você poderá perguntar. E a resposta é “Não necessariamente!” Se eu afirmasse que sim, seria o mesmo que garantir que após decorar toda a Gramática do italiano, por exemplo, eu estaria habilitado a sair por aí me comunicando em italiano e sabemos que isso não acontece. Só o conhecimento da Gramática ou a aplicação automática das suas regras não garante a produção de um bom texto, mas podemos dizer que a gramática é o esqueleto do idioma.
Fazendo uma analogia com a construção civil: alguém pode até levantar uma casa apenas assentando tijolo sobre tijolo e colocando um telhado por cima, mas sem os cálculos estruturais, possivelmente a obra iria ao chão mais cedo ou mais tarde. A Gramática é essa estrutura que serve para manter firme a mensagem e comunicar claramente para o receptor (leitor ou ouvinte) aquilo que temos em mente.
Outro exemplo? Compare as frases abaixo:
O mecânico cheirava a gasolina.
E
O mecânico cheirava à gasolina.
O que dizer delas? Ambas erradas? Ambas correta? Uma certa e outra errada?
Acertou que disse que ambas estão corretas. Mas elas não dizem a mesma coisa. Para informar que o mecânico sentia o cheiro da gasolina eu não uso o acento de crase, mas para dizer que o mecânico exalava o odor da substância, eu preciso acrescentar o acento. E é a Gramática que vai me ajudar a decidir.
Nesta coluna, nosso objetivo não é fornecer as regras da Gramática, pois isso pode ser obtido em qualquer bom livro sobre o assunto. A intenção é abordar as principais dificuldades que surgem no momento em que estamos redigindo, além de mostrar a aplicação prática de alguns tópicos que geralmente são abordados nas aulas de gramática de maneira isolada, sem sentido para o aluno na maior parte das vezes.

Por Margarida Moraes