sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Dia Nebuloso

Hoje acordei, mas preferia estar dormindo,
Talvez preferisse não mais ter acordado.
Não há mais  motivo para minha existência:
Enterrarei no lado frio do meu coração
Aquela que por tanto tempo amei.  
Jogarei flores e rosas perfumadas,
Jogarei jasmim -- o perfume do nosso amor.
Queria ter ido contigo,
Pois assim  ficaria ao teu lado,
Para sempre amar e sentir-me  amado.
Hoje é um dia nebuloso para nós,
Tenho que enterrar uma parte de mim.
Vai em paz, minha amada;  e eu, talvez, resistirei.
Dilacerada esta parte fica;  a outra se foi. 
Então o que fazer com  ela, senão enterrar?
Hoje é um dia nebuloso: fim do nosso eterno amor.

Joerlândio Cordeiro

Putrefação da humanização

Povoa na micose do meu cérebro
Pensamento pútrido sobre
A nefasta negra cruz;
O corvo que para o caixão seduz
Mesmo aquele que deseja viver.

Envolve o corpo de rama,
Cava na escura lama
Mais uma cova fria para
Outra orgia dos vermes
Que querem comer. 

Com a chegada do nutriente,
Os germes indiferentes
Enfeitam-se para o banquete;
Abastado ou desprovido  
O corpo enrijecido serve de deleite.

Porta cerrada, depois da entrada,
Cadáver de caixa fechada,
Aberto à navalha da fome;
Em carcaça tornar-se-á
Daquilo que foi homem.

Joerlândio Cordeiro


quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Confira Uma Análise do Tema da Redação do Enem 2015

O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2015 entrou para a história como a versão mais libertária de todas, já que fez com que os mais de 7 milhões de candidatos refletissem sobre feminismo e a violência contra as mulheres. Em uma sociedade tradicional, patriarcal, machista, misógina e sexista como a brasileira, na qual as mulheres ainda são vistas como objetos sexuais, submissas às vontades dos homens e inferiores no mercado de trabalho, o que o Enem 2015 fez ao trazer Simone de Beauvoir (filósofa e escritora francesa) e abordar como tema da proposta de redação a violência contra a mulher foi evidenciar que a desigualdade entre os gêneros e o ódio pelas mulheres devem acabar no nosso país.
A violência contra as mulheres, infelizmente, é um tema recorrente no Brasil, tanto que no fim de 2014 o sugerimos como um tema relevante e possível para o Enem 2015, já que inúmeros casos de assédio sexual, estupros e feminicídios começaram a vir à tona aliados ao pensamento errôneo de que, muitas vezes, as mulheres são culpadas por usarem roupas curtas, justas e decotadas. A cada dia que passa, o assunto ganha mais visibilidade com as campanhas “Chega de Fiu Fiu”, por exemplo, que combate as cantadas ofensivas nas ruas, nos transportes públicos, no ambiente profissional etc.
Voltando o nosso olhar para a proposta de redação do Enem 2015, o comando do tema foi “A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira”. A palavra “persistência” diz respeito a algo que é constante e, nesse caso, é algo muito negativo, pois apesar dos avanços que a lei Maria da Penha trouxe, a violência contra as mulheres é um crime que ainda persiste no nosso país. Assim sendo, o candidato que argumentou que não existe violência contra a mulher no Brasil, ou seja, que foi contrário ao comando do tema e ao recorte temático da coletânea de textos motivadoresprovavelmente terá a sua redação zerada.
Já o candidato que relativizou o tema, isto é, que negou o seu caráter absoluto, diminuindo de alguma forma a importância da discutir a violência contra as mulheres, argumentando que é um exagero, por exemplo (como nas redes sociais), provavelmente tangenciou o tema e, assim, terá uma nota muito baixa como um todo.
Quem negou ou relativizou o tema não deu a devida atenção aos textos motivadores da coletânea textual, não os leu de maneira adequada – e mostrou-se um machista, infelizmente – já que os dados expõem a violência contra as mulheres em números e estes são estarrecedores.
Texto 1, por exemplo, extraído do Mapa da Violência de 2012, afirma que entre os anos de 1980 e 2010 mais de 92 mil mulheres foram assassinadas no Brasil, 43,7 mil só nos últimos dez anos, resultando em um aumento de 230%. É importante ressaltar, nesse contexto, que a lei Maria da Penha entrou um vigor em 2006, ou seja, nos últimos quatro anos dessa pesquisa já abrangeram a vigência da referida lei e, mesmo assim, as mortes de mulheres só aumentaram.
Imagem: Reprodução do caderno com textos de apoio da proposta de redação.
Imagem: Reprodução do caderno com textos de apoio da proposta de redação.
Texto 2, por sua vez, é um gráfico que representa os números de cada tipo de violência contra as mulheres, já que esta pode se dar por meio de vários crimes, como por exemplo, violência física (51,68%), violência psicológica (31,81%), violência moral (9,68%), violência sexual (1,94%) e assim por diante. Esses dados são de 2014 e é fundamental enfatizar que tratam-se de números oficiais, ou seja, que chegaram ao conhecimento das autoridades policiais por meio de denúncias e é de conhecimento de todos que muitas mulheres, vítimas de agressões físicas, assédios sexuais e estupros não denunciam seus agressores por medo, por vergonha, por insegurança etc.
Já o Texto 3 é uma campanha sobre os feminicídios, isto é, sobre os assassinatos de vítimas mulheres por elas serem mulheres e nada mais, já que existem homens que odeiam as mulheres e as matam simplesmente por isso. O feminicídio, aliás, foi transformado em crime hediondo em março deste ano.
Finalmente, o Texto 4, é, na verdade, um conjunto de infográficos sobre o impacto em números da lei Maria da Penha. Ficamos contentes com esses dados, já que uma das propostas de redação do nosso Curso de Redação é, justamente, osefeitos da lei Maria da Penha no Brasil. É o Texto 4 que dá abertura para o candidato refletir sobre a proposta de intervenção social, já que ele nos mostra, assim como o Texto 1, que a referida lei proporcionou um avanço no assunto, mas não o solucionou, lembrando, de novo, que esses números são os oficiais e, sem sombra de dúvida, são maiores se pensarmos nos casos que não são denunciados pelas vítimas.
O Texto 4 nos mostra que existem, no Brasil, 52 varas especiais e juizados especializados em violência doméstica e familiar contra as mulheres; tendo em mente a proporção continental do nosso país e o número de habitantes, esse número não é suficiente. A referência não traz a data de publicação desses dados, o que é uma falha de elaboração da proposta de redação, mas temos a informação de que apenas 33,4% dos casos foram julgados, isto é, um número muito pequeno que demonstra o quanto a justiça brasileira é lenta.
Há homens que sofrem violência doméstica e se apoiam na lei Maria da Penha, já que essa diz respeito à violência doméstica e, por isso, 58 mulheres foram enquadradas e presas por essa lei em 2010; porém, o número de homens enquadrados e presos no mesmo período é muito maior: 2.777.
Portanto, podemos afirmar que as mulheres sofrem uma violência específica, já que são assassinadas porque são mulheres, assediadas nas ruas, nos transportes públicos e no ambiente profissional e estupradas por desconhecidos e conhecidos, já que sete em cada dez mulheres afirmam terem sido agredidas pelos seus companheiros (maridos, noivos, namorados dentre outras formas de relação).
Deste modo, como apenas a vigência da lei Maria da Penha não colocou um fim à violência contra as mulheres, como podemos combater a sua persistência na sociedade brasileira? Basicamente esta é a pergunta que a coletânea de textos motivadores fez aos candidatos ao Enem 2015, além de questionar, nas entrelinhas, como podemos fazer com que o número de denúncias aumente, como podemos conscientizar os cidadãos brasileiros, como um todo, como podemos lutar contra o machismo, como a judiciário pode se tornar mais efetivo nesses casos etc.
Infelizmente, o candidato não pode alegar surpresa em relação ao tema da proposta de redação do Enem 2015, já que a mídia noticia, todos os dias, casos de violência contra as mulheres. O seu grande mérito foi fazer com que todos nós, candidatos ou não, refletíssemos sobre esse tema que alguns machistas insistem em dizer que não é bem assim, persistindo em inferiorizar e diminuir a importância da mulher na sociedade.

Morena

Quem pra ti escreveu um poema, morena?
Quem pra ti dedicou uma canção?
Quem por ti passou  noite às claras, morena?
Quem por ti chorou rios de paixão?
Quem por ti dedicou palavras nas redes, morena?
Quem por ti sentiu-se preso  na solidão?
Quem por ti sofreu a angústia da saudade, morena?
Quem  pra ti  já se declarou diante de um não?
Quem pra ti,  vive só por ti, morena?

Joerlândio Cordeiro

Pobre Poeta


Apodrecem os livros de poesias
na prateleira do poeta que partiu;
ninguém lê, ninguém vê... 

Poeira, traças, moscas e mofo
fazem  companhia do arsenal de riqueza
guardado com tanta  delicadeza; nobreza.

Pobre poeta morto; morto do encosto
do mau gosto da massa manipulada
por palavras empobrecidas e de fácil digestão. 


Lê-lo é  como catar feijão,
é digerir as palavras entrelaçadas
do  código de uma linguagem abandonada. 


Como é tênue a sua poesia para o fino leitor!
mas, há quem não veja esplendor. 
Pobre do pobre leitor. 

Sem nenhuma página virada,  
Esquecido ao tempo,
livro de boca fechada.

As  folhas  amareladas cobrem seu túmulo, 
as palavras enfeitam apenas sua lápide;
caso encerrado, livro mudo.


JSC

Caneta

Na mão
Uma arma
Com poder avassalador,
Apontada para o alvo
Imóvel,
Sem palavras,
Branco;
Esperando apenas
O comando:
Faça!
Destrua seu inimigo,


Use sua imaginação...

Vassala




 Mais uma vez vestida de luto, 
 Bruto o que assim te fez,
 Arrancando mais um filho  teu,
 Carregado pelo próprio rei.

Embriagada nestas trevas,
Sustentada não sei pelo  quê,
Despida de sua beleza,
Caminha sem nada ver.

Escrava do dia e da noite,
Que nem sombra consegue ter,
Isolada de todos  os outros,
Soturna  até o amanhecer.

A rainha branca voltou,
Diferente do olho abrasador,
Do insolente que teu filho arrastou,
Traz-te  unguento, alivia  a dor.

Madruga com a ancila,
Até o  majestoso voltar,
e  de forma grandiosa,
Sua cria a ela novamente dá.

Joerlândio Cordeiro

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Baixe a prova do Enem em PDF

Gabarito do Enem 2015 – Segundo Dia


Gabarito Enem 2015 – Uol (extra-oficial)
CinzaAzulAmareloRosa
91A91D91C91C
92A92E92D92E
93C93A93E93D
94D94A94A94A
95E95C95A95A
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97E97B97D97D
98D98D98E98E
99D99D99B99D
100B100B100E100B
101E101B101C101D
102D102B102E102C
103B103E103C103D
104B104D104C104D
105A105E105D105B
106E106E106B106E
107C107D107B107D
108C108A108E108C
109D109B109*109A
110C110D110E110A
111D111C111A111B
112D112A112B112E
113E113A113D113*
114E114D114A114A
115E115B115B115E
116A116B116D116C
117B117E117C117C
118D118*118A118E
119A119D119A119A
120B120C120D120B
121D121D121E121C
122C122A122E122E
123A123E123D123C
124A124C124C124C
125B125C125D125D
126E126E126A126A
127*127A127E127B
128D128B128C128D
129B129D129C129E
130C130B130D130E
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132C132C132B132E
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136E136B136D136D
137B137A137B137A
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141E141C141D141A
142E142C142C142A
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153C153C153C153C
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155E155A155E155E
156D156D156C156B
157C157C157A157E
158C158B158A158E
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160C160D160D160C
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164A164A164C164C
165D165B165E165B
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167B167E167D167D
168E168D168E168A
169D169C169C169C
170A170B170A170C
171E171D171B171E
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173C173C173B173C
174A174D174E174A
175B175B175E175B
176A176B176D176D
177D177B177E177B
178D178E178B178D
179B179E179C179E
180B180D180C180C