quinta-feira, 21 de maio de 2015

Redação no Enem: Obediência ao Recorte Temático


Das cinco competências avaliadas na correção da prova de redação do Enem, a segunda e a terceira são intimamente ligadas, pois dizem respeito ao modo como o candidato escreve o seu texto e, assim, podemos dizer que essas competências avaliam holisticamente, ou seja, analisam a qualidade com que a redação foi escrita.
A segunda competência, além de verificar se o candidato domina a estrutura composicional da dissertação-argumentativa, também analisa se ele compreendeu a proposta de redação e aplicou conceitos de várias áreas do conhecimento a fim de desenvolver o tema. Compreender a proposta de redação significa compreender o tema proposto e identificar o recorte temático estabelecido pela coletânea de textos motivadores. Em provas de produção textual, não só do Enem, mas dos demais vestibulares e concursos, esse é o primeiro passo para se sair bem.
Já a terceira competência da grade de correção do Enem avalia como o candidato selecionou, relacionou, organizou e interpretou informações, fatos, opiniões e argumentos (e quais foram esses dados) em defesa de um ponto de vista e um dos critérios que norteiam essa competência é a proximidade desses elementos com a coletânea de textos motivadores.
Para a banca elaboradora da proposta de redação do Enem, os textos da coletânea são chamados de “motivadores” porque possuem o papel de apresentar o tema ao candidato e de inspirá-lo e motivá-lo e, assim, textos muito presos à coletânea, limitados aos seus textos, não atingem a autonomia e a autoria, já que não são textos singulares.
Deste modo, é de fundamental importância o candidato ao Enem e aos demais vestibulares entender que deve-se cumprir o tema da proposta de redação, obedecendo o recorte temático estabelecido pela coletânea de textos motivadores, mas não os copiando nem extrapolando seus limites. Muitas pessoas pensam que não se prender aos textos motivadores significa ir além do que a proposta contempla, o que não é verdade. A coletânea deve servir de inspiração, mas não deve-se abordar aspectos que ela não aborda.
Podemos ter como exemplo uma proposta de redação que tenha como tema a gravidez na adolescência cuja coletânea contemple as estatísticas de meninas adolescentes que engravidam ao longo de um determinado período de tempo, o contexto social e familiar desses jovens, as consequências na vida escolar dos jovens pais (principalmente da mãe), o impacto psicológico sofrido, a reação dos garotos que tornam-se pais e como eles reagem a esse novo papel e como as jovens mães se veem nessa nova função até então praticada apenas na brincadeira, com bonecas.
O candidato que, diante dessa proposta de redação e desse recorte temático, escrever uma dissertação-argumentativa que aborde, quase que exclusivamente, as adolescentes que abortam no mínimo tangenciou o tema e corre o sério risco de ser avaliado como um candidato que fugiu ao tema, já que nenhum texto motivador aborda a questão do aborto. Obviamente é um aspecto que pode ser levado em consideração e discutido em um parágrafo que trate das possíveis consequências e saídas encontradas pelas jovens que engravidam, mas não como fio condutor de todo um texto.
Com este exemplo, esperamos ter deixado a questão da obediência ao recorte temático da proposta de redação mais clara a fim de ajudar os candidatos ao Enem a cumprirem o tema em sua totalidade.