quarta-feira, 24 de janeiro de 2024

Política Invertida

 


A ciência da política

É o poder do povo

É do povo para o povo

Mas essa teoria

Fica nas páginas empoeiradas

Isso não é verdadeiro no dia a dia

É um engodo e tudo isso

E o bem, em sua maioria,

Não é praticado.

É um puxa-puxa

Pra lá e pra cá

Tome aqui, tome ali

Esse é seu, o outro é meu

O maior interesse do candidato

É deixar o familiar dele

Despreocupado

E o resto pode se lascar.

 

 

Doação

 


Deem meus olhos a
Quem quiser enxergar,
 As mãos Para o amputado
Que precisa usar.

 

Meus membros
Inferiores para o manco,
O fígado, os pulmões, rins,
Coração a quem precisar.


Se necessário, estudem minha massa.
Meus últimos dentes aos acadêmicos,
E não desfrutando do que sobrar,
Queimem
e joguem ao mar.

 

Lá viajarei aos poucos
Até o resto da cinza afundar.
Se me enterrarem,
Também voltarei a amar.

 

Descrição de um Crime

 


Cadeira balançando, empoeirada

Armário sujo com uma panela

Piso batido, lenha no fogão,

Vento forte na janela

 Quase apagando o lampião,

Rádio de pilha mudo

 Sobre uma pequena mesa,

Sofá rasgado e sujo

 parede esburacada...

Corpo magro, seminu,

Surrado pelo tempo,

Cheio de ferida

Carro de polícia

Revólver na cintura

Gente muda

 Quem matou esse pobre coitado?

Foi um bicho ou um homem?

Não... Foi a fome.