terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Rio de Lama

Tão nobres tuas ruas,
Tão alegre teu povo,
Belas árvores,
Belos rios.
Mas o morro,
Com as chuvas,
Cedeu e não fez curvas,
Desceu sua própria ladeira,
Carregando consigo,
Além de sonhos,
Milhares de abrigos
Do povo
De novo
Do morro...
Sem rua,
Menos gente,
Árvores sem cor,
Rio de lama,
Enterro coletivo,
Choro, tristeza e dor.
Todos sem abrigo,
Sem ter para onde ir,
Voltarão a viver com o perigo.
Outros, em sua crença,
Perguntam a Deus se é um castigo.
Muitos sem mãe,
Outros sem pai ou filho.
Família do abismo.
Pobre Cristo
de braços abertos
Não pode fazer nada
Pois, lá de cima, olha
Os que ainda dormem na calçada
da chuva passada.
E, agora, o que fazer?
Desligar a TV?

          Joerlândio Cordeiro