quinta-feira, 9 de outubro de 2014

A Interlocução na Dissertação-Argumentativa



A dissertação-argumentativa é um tipo textual da esfera escolar, ou seja, um tipo de texto ensinado e escrito no ambiente escolar, e somente nele. Ao concluirmos o Ensino Médio, partiremos para o ensino superior e/ou para o mercado de trabalho e nunca mais escreveremos uma dissertação-argumentativa, já que trata-se de um tipo textual escolar. Escreveremos gêneros da ordem do dissertar e do argumentar, como por exemplo, artigos de opinião, resenhas, editoriais, cartas do leitor, cartas denúncia, manifestos etc, mas a dissertação-argumentativa clássica, do modo como conhecemos, não mais.
Devemos este fenômeno ao fato de a dissertação-argumentativa ser um tipo textual que necessita de uma simulação para ser escrita, já que é um tipo textual escolar. Isto quer dizer que não há uma situação de produção efetiva, próxima à realidade; não há uma motivação real. As propostas de redação produzidas pelas livros didáticos, pelas apostilas, pelos professores e pelos vestibulares são simulações, diferente de alguém que, movido por uma motivação, escreve uma carta do leitor a um jornal criticando uma reportagem, por exemplo.
Dissertações-argumentativas não possuem um leitor alvo como um artigo de opinião em uma revista e sim têm como leitores, somente, professores e corretores de redação dos vestibulares, mas por ser uma simulação, devemos imaginar, ao escrevermos dissertações-argumentativas, um leitor universal.
Esta situação simulada deve ser imaginada pelo candidato, no momento da prova de redação do Enem, por exemplo, pois a dissertação-argumentativa é um tipo textual por meio do qual ele demonstra sua habilidade de analisar de modo coerente o tema proposto, com o objetivo de defender um ponto de vista claro a respeito deste mesmo tema. Assim, o candidato deve demonstrar sua habilidade em organizar ideias, informações, dados, fatos – isto é, argumentos – e estabelecer relações entre eles de modo a extrair conclusões coerentes. Portanto, deve haver a defesa de uma tese e uma conclusão coerente com esta tese.
Um candidato ao Enem ou a qualquer outro vestibular ou concurso deve colocar-se, como autor de uma dissertação-argumentativa, como alguém que possui a voz da razão, a voz da verdade e do bom senso e idealizar um leitor universal que seja dotado de razão e, assim, construir um texto sem marcar a interlocução, ou seja, escrever de modo impessoal.
Podemos demonstrar como deve ser a interlocução por meio do seguinte esquema:
Como a interlocução não deve ser marcada em uma dissertação-argumentativa, o autor deve deslocar-se da situação de produção escrita do vestibular e, assim, evitar o uso da 1ª pessoa do singular, evitar referir-se à coletânea de textos e à proposta de redação, evitar marcar a interlocução com o leitor não usando o modo imperativo, por exemplo e não pressupondo que o leitor conheça a coletânea textual e/ou a proposta de redação.

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