quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Por que brasileiro não aprende inglês?

(...)
A grande maioria dos brasileiros acha que aprender inglês significa aprender a falar igualzinho a um nativo. Esse comportamento gera comentários assim: “eu quero falar inglês como americano/britânico“, “o inglês aqui é americano ou britânico? Eu só quero se for britânico” e outros do tipo. Essa coisa de falar inglês como um americano não deve ser o objetivo principal de ninguém que estuda inglês. Perder tempo com coisas do tipo “inglês britânico é melhor que inglês americano” só ajuda a atrapalhar e criar mais dificuldades. [Leia: O que é International English?]
O outro ponto é aquele de querer ser perfeito na gramática e na pronúncia. O desejo da perfeição gramatical é notada em comentários do tipo “não sabe nem português direito e quer aprender inglês“.
Como não sabemos português direito!? O fato de não sabermos todo o código gramatical estabelecido pela Academia Brasileira de Letras não nos torna burros em português. Não somos incapazes de bater um papo em português pelo simples fato de não sabermos todas as regras dos livros de gramática. “Nóis erra; mais nóis se comunica!” (Nós erramos; mas, nós nos comunicamos). Claro que não é bonito falar errado! Mas, é errando que se aprende. E aprender é algo que acontece ao longo da vida!
Há ainda pessoas que dizem o seguinte: “só vou falar inglês quando aprender mais e estiver no nível avançado“. Eu acho isso um absurdo! Se essa lógica valesse para o português, essas pessoas só começariam a falar português quando chegassem ao Ensino Médio. E olhe lá!
Para encerrar, pergunto: Você já viu um italiano falando inglês? Um coreano falando inglês? Que tal um chinês? Um grego? Um boliviano? Um venezuelano? Um francês? Um alemão? Um argentino?
As pessoas de outros países que falam (aprendem) inglês estão pouco se lixando com o fato de falarem igualzinho a um britânico ou a um americano. Os falantes de outros países podem falar errado, mas se comunicam. A pronúncia deles não é perfeita, mas ainda assim dizem o que querem.
O TH deles sai esquisito e nem por isso se acham incapazes de falar inglês. Com o passar do tempo, eles vão aprendendo e melhorando. Já no Brasil, a maioria só se sente à vontade se a pronúncia for perfeita (som do th, por exemplo), a gramática for impecável e o jeito de falar for como o de um nativo.
O resto do mundo aprende a falar inglês porque não é tão exigente consigo mesmo. A cobrança pela perfeição lá fora não é doentia e exagerada como é aqui. O resto do mundo sabe que fala inglês “errado“, mas fala assim mesmo. Se a mensagem não é entendida, o resto do mundo tenta de novo. Já o brasileiro espera aprender tudo de modo perfeito para só então se soltar. E acaba desistindo no meio do caminho por achar inglês uma língua difícil.
Essa exigência exagerada causa frustração, tristeza, angústia, estresse, senso de incapacidade e outros sentimentos que atrapalham a capacidade de aprender inglês. Se você é muito exigente, cuidado! Os erros sempre acontecerão e falar como um nativo é extremamente difícil e até mesmo impossível. Lembre-se: saber inglês não significa ser perfeito e falar tudo certinho; saber inglês significa diminuir a quantidade de erros conforme vamos aprendendo.
Por fim, meu objetivo neste texto é mostrar um comportamento comum entre a maioria dos estudantes de inglês no Brasil: a exigência da perfeição. Esse comportamento acaba com os sonhos de muitos. Não pegue pesado com você mesmo e nem permita que os comentários dos outros frustrem seus planos de aprender inglês. Não seja exigente demais na gramática e pronúncia e nem queira falar inglês como um nativo fala. Vá com calma! That’s it!
Inglesnapontadalingua