terça-feira, 14 de novembro de 2017

Alma de Zumbi

Ai, como m’assombra
Esta tal alma de zumbi!
Sem sentimento, moribunda,
 Acompanhada d’outras
ou não; tanto faz.
Não sente solidão  jamais.
Se tiver na penumbra  
Ou no escaldar do dia,
Esta alma fria
 Nenhum sentimento terá.
Vaga irreconhecivelmente ,
 nem feliz nem contente,
No meio de  gente
Que  morta também  está.

JSC

sábado, 5 de agosto de 2017

Silêncio da alma

O silêncio d'alma doente,
Ferida por percalços da vida, 
Talvez, certamente incompreendida
Por não compreender 
O que fácil pode ser compreendido.
De um lado tristeza; doutro abismo.
A loucura do louco
Não é loucura pra o louco.
Os "normais" dirão que é mentira
Para fingir suas palavras indeléveis. 
Talvez, assim como o louco, 
Só um tolo poderá não entender 
O que passa n'alma de quem tem a loucura.

(JSC)

quarta-feira, 31 de maio de 2017

É Preciso Mais Esforço e Menas… Ops! MENOS Preguiça!


Quando se fala em concordância nominal, algumas situações causam dúvidas frequentemente. A palavra MENOS é uma delas. Vamos nos debruçar um pouco sobre o caso.
É bastante comum ouvirmos a expressão que ‘quase’ empreguei no título, “menos preguiça”. Isso talvez ocorra por causa da regra geral de concordância nominal, que preconiza que os nomes devem concordar (substantivos, adjetivos, numerais, artigos e pronomes) em gênero e número.
A palavra menos tem sua origem na palavra latina minus. Em português pode ser um advérbio, um pronome indefinido, um substantivo comum masculino ou uma preposição. Ela aparece correntemente também diversas expressões, com uma significação abrangente, como em: a menos de, a menos que, mais ou menos, pelo menos, quando menos, sem mais nem menos, entre outras.
Ela, porém, foge dessa regra de concordância por alguns motivos. Quando empregada dando a noção de intensidade, ela é advérbio, e, por essa razão, é invariável:
  • Estudamos menos do que o necessário. (advérbio de intensidade que modifica o verbo estudamos)
Para fazer referência a algo em menor número, em menor quantidade, numa posição inferior, ela funciona como pronome indefinido. Então deveria fazer concordância, certo? Não! Nesse caso também uma palavra uniforme e invariável, ou seja, não há flexão da mesma em gênero (masculino e feminino) e em número (singular e plural). Não existe desinência nominal de gênero, por isso não existe o que alterar! O emprego adequado será, então, menos provas, menos livros, menos cadeiras.
Confusão semelhante acontece com a palavra meio. Essa palavra pode ter as duas flexões (gênero e número) ou não. Como assim? Bem, meio pode ser numeral (equivalente a “metade”) e, nesse caso, seguirá a regra geral de concordância nominal: com um substantivo feminino, teremos as formas meia/meias:
  • Sobraram duas meias pizzas ontem, meia de calabresa e meia de muçarela.
E com um substantivo masculino, teremos meio/meios:
  • Sobraram dois meios bolos: meio de chocolate e meio de laranja.
Já no caso de meio funcionando como advérbio (com sentido de intensidade, igual a “um pouco”), como as demais palavras dessa classe, ele será invariável:
  • As alunas estão meio cansadas, mas depois do fim de semana estarão bem.
  • Infoenem

sexta-feira, 5 de maio de 2017

Enem – Mas Não Se Estuda Para Prova de Redação…


Como professora de Língua Portuguesa que ministra aulas de leitura, produção de texto e aspectos gramaticais, percebo uma diferença de desempenho entre as avaliações de Português e de Redação. A impressão que tenho é que os meus alunos estudam muito mais para a primeira prova, na qual são cobrados conteúdos de interpretação de texto, gramática normativa e leitura de livros paradidáticos, por exemplo, do que para a segunda prova; inclusive, já ouvi alguns dizendo que não se estuda para uma avaliação de produção de texto, que não é necessário se preparar para uma prova de redação… Ledo engano, meus caros.
Seja para um teste de produção textual na escola, no Ensino Fundamental II e no Ensino Médio, seja para uma prova na graduação na qual o aluno deverá escrever uma resenha, um resumo ou um ensaio, seja para prestar um exame como qualquer vestibular ou o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), é preciso estudar.
Em relação aos estudantes que ainda estão nas escolas e aos alunos de cursinhos pré-vestibulares, tanto as apostilas quanto os livros didáticos de Língua Portuguesa ou de Linguagens abordam conteúdos relativos à escrita; no caso do Ensino Médio e dos cursos preparatórios há, inclusive, um indesejável estreitamento do currículo, decorrente de provas de redação como as do ENEM, por exemplo, que só exigem do candidato a escrita de uma dissertação-argumentativa. Há, até, livros didáticos e apostilas de redação ou de produção de texto especializados, ou seja, dedicados apenas a este tema.
Ao estudar para uma avaliação de redação, obviamente que ler e escrever os mais variados gêneros e tipos textuais é fundamental e de extrema importância, mas muitos alunos não mantém uma frequência e um ritmo adequados de escrita e não analisam textos.
Neste exato momento, estou trabalhando o gênero “crônica” com meus alunos do 8º ano do Ensino Fundamental: lemos várias crônicas nas apostilas e outras que levei como material extra, debatemos os temas abordados, respondemos exercícios de interpretação de texto, estudamos aspectos formais como estrutura composicional, estilo, temas e conteúdos, linguagens etc. e quando chega o dia da avaliação ou de fazer uma crônica, a maioria trava! Está certo que este é um gênero complexo de se ensinar, até porque os jovens não têm o costume de ler jornais e revistas, suportes nos quais as crônicas são publicadas, mas se eles analisassem os textos já lidos e procurassem outros para ler, sua compreensão se ampliaria.
A leitura de outras crônicas, artigos opinativos, editoriais, notícias, dissertações-argumentativas, cartas de diversos tipos, narrativas dos mais variados tipos, dentre outros, não tem a função de copiar estrutura, estilo, linguagem, frases prontas etc.; a leitura de outros textos do mesmo gênero ou tipo que você está estudando serve para analisá-los e para que você encontre os muitos modos de se escrever um mesmo gênero ou tipo, já que, no caso das crônicas, por exemplo, há crônicas subjetivas, reflexivas, objetivas, dentre outras, que variam em seus temas, linguagem, interlocução etc.

INFOENEM

quarta-feira, 26 de abril de 2017

Assunto Para o Enem 2017: A Crise Econômica Brasileira


Não há como negar que o Brasil passa por uma das crises econômicas mais acentuadas de nossa história. Além disso, os problemas na política e seus casos de corrupção que aparecem praticamente todos os dias dão ainda mais dramaticidade nesse conturbado período. Entretanto, nossa análise não pode ficar apenas restrita a esses últimos anos. Uma visão mais geral da nossa economia é importante para que possamos entender, de fato, como estamos e onde podemos chegar. Confira mais sobre esse assunto que certamente pode cair no Enem 2017.
De acordo com a divulgação de primeiro de fevereiro de 2017 do Banco Mundial, o Brasil é a nona economia do mundo, com um PIB (Produto Interno Bruto) de aproximadamente 1,77 trilhões de dólares (esse é um dos principais indicadores da economia de um país). Esse valor representa aproximadamente 2,39% na participação da economia de todo o globo. Não é pouco, embora boa parte deste dado esteja relacionada a quantidade de cidadãos. Afinal, somos mais de 200 milhões brasileiros!
O problema é que esse PIB vem caindo desde 2015, quando recuou 3,8%. No ano seguinte (2016), a queda foi de 3,6%. Vale ressaltar que nesse mesmo período de dois anos, os países do globo cresceram numa média superior a 3% por ano. Para se ter uma ideia da dificuldade da situação, no ano passado, os números revelam que houve recuo nos três setores que entram no cálculo do PIB anual – agropecuária (-6,6%), indústria (-3,8%) e serviços (-2,7%). A última vez que os três setores caíram juntos foi em 1996, e mesmo assim a queda não foi tão intensa. Em 2014, apenas o setor industrial caiu, mas os serviços e agropecuária continuavam crescendo. Em 2015, caíram a indústria e os serviços. Já em 2016, a agropecuária.
Com essa queda generalizada em todos os setores, não é a toa que o desemprego já superou a casa dos 13 milhões, de acordo com o próprio IBGE.
Portanto, o principal desafio agora é, antes de qualquer coisa, tentar “frear” essa vertiginosa queda. Só depois podemos pensar em retomar o crescimento. Dentre tantas notícias ruins, pelo menos uma boa: um dos nossos setores mais importante, o Agronegócio, no último mês de março, já deu sinais de recuperação e cresceu 4,6% em relação ao mesmo mês do ano passado (clique aqui para ver a matéria). Não é muito, mas com certeza um respiro.

sexta-feira, 14 de abril de 2017

Redação (2016)

Na última terça-feira, dia 11 de abril de 2017, o Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) liberou para os participantes do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) o acesso aos espelhos dos textos da prova de redação das duas edições do ano de 2016, já que devido às ocupações de várias escolas públicas por todo o país, houve uma segunda aplicação do exame.
No mesmo dia, o portal G1 divulgou algumas das setenta e sete redações que obtiveram a nota máxima da correção da redação do ENEM e, neste texto, iremos analisar um desses textos, cuja autoria é de Larissa Cristine Ferreira, de 20 anos.
Orgulho Machadiano
Brás Cubas, o defunto-autor de Machado de Assis, diz em suas “Memórias Póstumas” que não teve filhos e não transmitiu a nenhuma criatura o legado da nossa miséria. Talvez hoje ele percebesse acertada sua decisão: a postura de muitos brasileiros frente a intolerância religiosa é uma das faces mais perversas de uma sociedade em desenvolvimento. Com isso, surge a problemática do preconceito religioso que persiste intrinsecamente ligado à realidade do país, seja pela insuficiência de leis, seja pela lenta mudança de mentalidade social.
É indubitável que a questão constitucional e sua aplicação estejam entre as causas do problema. Conforme Aristóteles, a poética deve ser utilizada de modo que, por meio da justiça, o equilíbrio seja alcançado na sociedade. De maneira análoga, é possível perceber que, no Brasil, a perseguição religiosa rompe essa harmonia; haja vista que, embora esteja previsto na Constituição o princípio da isonomia, no qual todos devem ser tratados igualmente, muitos cidadãos se utilizam da inferioridade religiosa para externar ofensas e excluir socialmente pessoas de religiões diferentes.
Segundo pesquisas, a religião afro-brasileira é a principal vítima de discriminação, destacando-se o preconceito religioso como o principal impulsionador do problema. De acordo com Durkheim, o fato social é a maneira coletiva de agir e de pensar. Ao seguir essa linha de pensamento, observa-se que a preparação do preconceito religioso se encaixa na teoria do sociólogo, uma vez que se uma criança vive em uma família com esse comportamento, tende a adotá-lo também por conta da vivência em grupo. Assim, a continuação do pensamento da inferioridade religiosa, transmitido de geração a geração, funciona como base forte dessa forma de preconceito, perpetuando o problema no Brasil.
Infere-se, portanto, que a intolerância religiosa é um mal para a sociedade brasileira. Sendo assim, cabe ao Governo Federal construir delegacias especializadas em crimes de ódio contra religião, a fim de atenuar a prática do preconceito na sociedade, além de aumentar a pena para quem o praticar. Ainda cabe à escola criar palestras sobre as religiões e suas histórias, visando a informar crianças e jovens sobre as diferenças religiosas no país, diminuindo, assim, o preconceito religioso. Ademais, a sociedade deve se mobilizar em redes sociais, com o intuito de conscientizar a população sobre os males da intolerância religiosa. Assim, poder-se-á transformar o Brasil em um país desenvolvido socialmente, e criar um legado de que Brás Cubas pudesse se orgulhar.
Podemos perceber que trata-se de uma dissertação-argumentativa com a estrutura composicional adequada e clássica: divisão em quatro parágrafos, sendo o primeiro o parágrafo introdutório, o segundo e o terceiro os de desenvolvimento e o quarto e último o da conclusão. Além disso, é um texto escrito da maneira correta em relação ao estilo: linguagem impessoal, objetiva e formal, seguindo a norma culta da Língua Portuguesa escrita e que atende ao tema da proposta de redação da primeira edição do ENEM 2016: Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil.
Já na primeira oração do texto, a candidata relaciona a intolerância e o preconceito religioso com a frase final do romance Memórias Póstumas de Brás Cubas, um dos maiores clássicos da literatura brasileira, de Machado de Assis: “não tive filhos; não deixei para ninguém o legado da nossa miséria”. Como avaliadora, não penso que a autora estabeleceu tal relação com consistência; não acredito que esta passagem literária seja a melhor opção para dialogar com o tema da proposta, mas, mesmo assim, avaliadora não deve gostar do texto e sim corrigi-lo dentro da grande de correção e, pensando neste ponto, a candidata pontuou na segunda competência, quando relaciona o tema com outras disicplinas, assim como fez ao citar Aristóteles e Durkein, este por sua vez, muito melhor inserido do que Machado de Assis.
Por meio de adjetivos como “perversas”, Larissa coloca sua opinião, repudiando a intolerância religiosa e argumentando que a isonomia constitucional não é, na prática, realizada, já que pessoas são excluídas por causa da sua religião. A autora também cita “minorias religiosas”, mas não explica ao leitor quais religiões e/ou crenças são consideradas minorias em um país cuja população é, em sua maioria, cristã, dividida em, basicamente, duas grandes frentes: católicos e evangélicos.
No terceiro parágrafo, a candidata refere-se, por meio do discurso indireto, à coletânea de textos motivadores, quando escreve que, segundo pesquisas, as religiões afro-brasileiras são as principais vítimas de preconceito, mas não cita nenhum exemplo. No mesmo trecho, Larissa explica que grande parte deste problema advém da criação de crianças por famílias preconceituosas.
Na conclusão, a autora cita três propostas de intervenção social, cada uma dirigida a uma instância da sociedade. Ao Governo Federal, caberia a criação de delegacias especializadas em crimes de ódio, especialmente no que concerne a intolerância religiosa; às escolas ficaria a realização de palestras e a sociedade deve se mobilizar contra este tipo de discriminação, principalmente nas redes sociais.
Este texto, portanto, nos mostra que uma dissertação-argumentativa clássica e simples pode alcançar a nota máxima no ENEM.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

TRANSFORMAÇÃO

Oceanos, rios e lagos secam,
O Sol aquece o planeta de forma diferente;
Estrelas morrem.
Geleiras desaparecem;
Flores murcham.
A Terra muda, e “nada se perde, tudo se transforma”...
Entender que pode mudar, já é o primeiro passo de uma grande transformação. Não importa há quanto tempo ensina, pois o “velho” está na cabeça de quem não muda. Rever os conceitos, estilos de ensinar e de avaliar devem fazer parte do dia-a-dia de quem tem compromisso com uma boa educação...
Assim como a Terra, o professor deve mudar, mudar de novo, mudar novamente, sempre mudar;  mudar sempre  para criar emoções, produzir sensações, multiplicar sonhos...
Quando o professor muda, não está se perdendo; está se transformando.  

Joerlândio Cordeiro


quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Figuras de Linguagem – Onomatopeias, Barulhos Escritos por Extenso


A infância de muita gente foi povoada de barulhos por escrito, nos gibis, tirinhas, cartuns e até na TV. Um seriado antigo das aventuras de Batman e Robin ilustrava as brigas entre os heróis e os vilões com imagens coloridas dos sons dos socos e golpes:
onomatopeia1
O Tio Patinhas se deliciava mergulhando na sua caixa-forte, ouvindo o tilintar das moedas:
onomatopeia2
Mas não é só a cultura ‘pop’ que lança mão desse recurso. Encontramos onomatopeias também na Literatura:
(…)Troc… troc… troc… troc…
  ligeirinhos, ligeirinhos…
  troc… troc… troc…
  vão cantando os tamanquinhos
  Madrugada. Troc… troc… troc…
  pelas portas dos vizinhos
  vão batendo, troc… troc…
  vão cantando os tamanquinhos… (…)

(A canção dos tamanquinhos, Cecília Meireles)
(…) Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r-r eterno! 
Forte espasmo retido dos maquinismos em fúria! 
Em fúria fora e dentro de mim, 
Por todos os meus nervos dissecados fora, 
Por todas as papilas fora de tudo com que eu sinto!  (…)”

(Ode triunfal, Fernando Pessoa)
(…) Sino de Belém, pelos que ainda vêm!
Sino de Belém, bate bem-bem-bem.
Sino da paixão, pelos que ainda vão!
Sino da paixão, bate bão-bão-bão.
Sino do Bonfim, por que chora assim?(…)”

(Os sinos, Manuel Bandeira)
A abelha-mestra
E as abelhinhas
Estão todas prontinhas
Para ir para a festa
Num zune que zune
Lá vão pro jardim (…)”

(As abelhas, Vinícius de Moraes)
Nos textos acima podemos observar que há situações em que as sequências de letras apenas funcionam como a representação de um determinado som – essa é a FIGURA DE LINGUAGEM denominada onomatopeia.
No entanto, ocorrem também alguns casos em que, a partir da representação dos sons, criam-se palavras, que figuram nos dicionários, como verbos ou substantivos, as quais podem ser flexionadas. Estamos, então, diante de um PROCESSO DE FORMAÇÃO DE PALAVRAS denominado onomatopeia, que dará origem a palavras onomatopaicas.
É o caso do verbo tilintar, das HQs do Tio Patinhas, e do verbo zunir, no poema de Vinicius de Moraes e na tirinha do Fernando Gonsales, que serviu de base para uma questão da Unicamp da semana passada:
onomatopeia4
O barulho produzido pelo bater das asas das abelhas deu origem ao verbo zunir, que, no poema, foi empregado para se referir ao movimento frenético desses insetos, que não param um minuto, sempre de flor em flor recolhendo pólen, e, na tirinha, foi empregado criativamente para fazer uma relação intertextual com o “Manifesto Comunista”, de Marx e Engels. (Em tempo: o cartunista errou a acentuação, pois oxítonas terminadas em ‘i’ não são acentuadas…)
Assim, onomatopeia pode denominar tanto a figura de linguagem, na Estilística, como o processo de formação de palavras, na Gramática.

Orações condicionais – sobre a dupla de conjunções “se/caso”


Entre os diversos mecanismos que podemos empregar em um texto dissertativo para reforçar a persuasão está a condição, expressa por estruturas que, na análise sintática, classificamos como orações subordinadas adverbiais condicionais. As mães são especialistas em empregar essas estruturas… Quem nunca ouviu “Você só vai sair SE arrumar seu quarto!”
As orações subordinadas adverbiais condicionais, como as coordenadas, as subordinadas substantivas e outras subordinadas adverbiais, são iniciadas (quando são desenvolvidas) por conjunções ou locuções conjuntivas, e as mais usuais são o ‘se’ e o ‘caso’. É frequente, entretanto, ouvirmos um ‘reforço’ inadequado na indicação da condição: algumas pessoas empregam essas duas conjunções ao mesmo tempo, resultando em duas impropriedades: a redundância, uma vez que um conectivo apenas basta para expressar a relação semântica de condição; e um problema de inadequação de tempos verbais.
O emprego redundante pode, talvez, ser ocasionado pela audição distraída de uma estrutura que aparece, por exemplo, na música Folhetim, de Chico Buarque:
“Se acaso me quiseres
Sou dessas mulheres
Que só dizem sim
Por uma coisa à toa
Uma noitada boa
Um cinema, um botequim (…)”
(https://www.letras.mus.br/chico-buarque/85968/ )
Aparece também empregada por Lupicínio Rodrigues:
“Se acaso você chegasse
No meu chatô encontrasse aquela mulher
Que você gostou
Será que tinha coragem
De trocar nossa amizade
Por ela que já te abandonou(…)”
(https://www.vagalume.com.br/lupicinio-rodrigues/se-acaso-voce-chegasse.html )
E o Wesley Safadão, para minha surpresa (só porque ele não faz parte da minha lista de artistas preferidos), também contribuiu com um bom exemplo:
“(…)Eu vou pagar pra ver até onde esse amor vai dar
Só tente lembrar, enquanto durar
Eu vou te amar intensamente
Se acaso acontecer, amanhã você me deixar(…)
Não vá se culpar, já tô preparado
Que na vida nem tudo é pra sempre”
(https://www.vagalume.com.br/wesley-safadao/eu-vou-pagar-pra-ver.html )
A proximidade sonora e gráfica do advérbio acaso com a conjunção caso pode ser a fonte desse problema de redundância. Nos exemplos das canções, o emprego está correto: temos uma conjunção seguida de um advérbio de dúvida, por isso, é preciso cuidado com a pronúncia e com a grafia nessas construções.
No segundo caso, o problema é que cada uma dessas conjunções exige os verbos em tempos diferentes. Empregando a conjunção SE, o verbo deverá aparecer conjugado no Futuro do Subjuntivo:
  • Se você trouxer os ingredientes, faremos o bolo. (sem esquecer que esse tempo requer atenção quando empregamos verbos irregulares)
E, ao empregarmos a conjunção CASO, o verbo deverá estar no Presente de Subjuntivo:
  • Caso você traga os ingredientes, faremos o bolo.
E lembre-se de que “Se caso… não fico solteira(o)!”
Portanto NÃO use “Se caso chover”, nem “Se caso chova”… O adequado é “Se chover” ou “Caso chova”!

Eu e Me



Hoje eu vou sair para me visitar. Talvez eu me encontre por aí, quem sabe em algum lugar brincando, sorrindo, lendo bons livros, assistindo bons filmes; conversando com pessoas inteligentes. Eu vou me cuidar; Eu vou levar-me para onde eu quiser. Eu vou fazer-me tudo para eu ser feliz. Eu preciso entender que para eu amar, eu tenho que amar-me primeiro.



JSC

sábado, 7 de janeiro de 2017

Os copos

Os copos, sobre a mesa,
nem sempre representam os amigos que você tem.

JSC

Vi...

Vi uma mulher
Vi uma mulher bonita
VI uma mulher bonita e escultural
Vi apenas uma mulher...
Respeito é tudo que elas querem.

                                                                                                                                           JSC

sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

É engraçado

É engraçado que todos sabem de tudo, mas se tudo dá errado, todos não sabem de nada.

                                                                                                                             JSC