sábado, 9 de agosto de 2014

Pobre poeta

Apodrecem os livros de poesias
na prateleira do poeta que partiu;
ninguém lê, ninguém vê... 

Poeira, traças, moscas e mofo
fazem  companhia do arsenal de riqueza
guardado com tanta  delicadeza; nobreza.

Pobre poeta morto; morto do encosto
do mau gosto da massa manipulada
por palavras empobrecidas e de fácil digestão. 


Lê-lo é  como catar feijão,
é digerir as palavras entrelaçadas
do  código de uma linguagem abandonada. 


Como é tênue a sua poesia para o fino leitor!
mas, há quem não veja esplendor. 
Pobre do pobre leitor. 

Sem nenhuma página virada,  
Esquecido ao tempo,
livro de boca fechada.

As  folhas  amareladas cobrem seu túmulo, 
as palavras enfeitam apenas sua lápide;
caso encerrado, livro mudo.



(JSC)