quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Festa de Ano Novo

- Menina, que vestido lindo!
- É pra Festa de Ano Novo.
- Onde tu `vai`passar?
- Aqui em casa mesmo: da sala pra calçada.
- KKKKKKKKKK

terça-feira, 29 de dezembro de 2015

A responsabilidade de ter

- Mãe, me dá um cachorrinho...
- Filho, seu cachorrinho tá com fome, com frio...
- Ah, mãe, eu tô brincando.
- Mãe, meu cachorrinho morreu!!
----------------------------------------------
- Senhor, que belo filho que me desses.
- Mãe, tô com dor de cabeça, com febre...
- Ah, filho, tô assistindo... procure qualquer remédio e tome.
- Meu Deus, por que deixastes meu filho morrer?!
________________________________
>> Quando pedir e/ou receber algo, sempre receberá junto com a responsabilidade de cuidar.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Cinco erros gramaticais


Dica 1: Mas e mais
 Ele queria dormir, mas precisava acordar cedo.
✘ Ele queria dormir, mais precisava acordar cedo.
A palavra mas, quando for uma conjunção, deverá ser empregada para conferir o sentido de oposição, podendo ser substituída por outras conjunções, entre elas, porém, contudo, todavia, entretanto etc. A palavra mais é empregada, principalmente, para conferir ideia de quantidade ou de intensidade, sempre em oposição à palavra menos. Exemplos: Aquele é o vinho mais caro do mercado; Dez mais dez é igual a vinte.
Dica 2: Porquês
Por que / Porque
✔ Não fui trabalhar ontem porque estava indisposto.
✘ Não fui trabalhar ontem por que estava indisposto.
Porque, junto e sem acento, é uma conjunção cuja função é ligar duas ideias, duas orações. Ela deve ser empregada quando a segunda parte apresentar uma explicação ou causa em relação à primeira. Já a forma por que, separada e sem acento, é um advérbio interrogativo de causa que deve ser utilizado quando pedimos por uma causa ou motivo, e não apenas em uma frase que termine com ponto de interrogação. Exemplo: Não sei por que ele não veio mais nos visitar.
Porquê / Por quê
✔ O funcionário pediu demissão, não sei por quê.
✔ O funcionário pediu demissão ontem, não sei o porquê.
✘ O funcionário pediu demissão, não sei porquê.
Porquê, quando escrito junto e com acento, pode substituir as palavras razão, causa ou motivo. É classificado como um substantivo, podendo ser flexionado no plural e vir acompanhado por artigos, pronomes e adjetivos. Por quê, separado e com acento, será utilizado no fim da frase, seja ela uma pergunta ou não. Exemplo: Não quiseram mais viajar e não explicaram por quê.
Dica 3: Agente / A gente
✔ A gente marcou de se encontrar na entrada do shopping.
✘ Agente marcou de se encontrar na entrada do shopping.
A gente é uma locução pronominal semanticamente equivalente ao pronomenós e deve ser conjugada na terceira pessoa do singular. Agente, conforme definição do dicionário Michaelis, é aquele “Que age, que exerce alguma ação; que produz algum efeito. O que agencia ou trata de negócios alheios. 2 Pessoa encarregada da direção duma agência.” Portanto, a palavra agente pode ser empregada apenas como substantivo comum e não deve ser confundida com a locução pronominal a gente. Exemplos: James Bond é o agente secreto mais famoso do mundo.
Dica 4: Para mim / Para eu
✔ Tem muito trabalho para eu fazer.
✘ Tem muito trabalho para mim fazer.
A expressão para eu deve ser empregada quando o pronome do caso reto “eu” assumir a função de sujeito na oração. Outra dica importante é observar a presença de um verbo: se o sujeito estiver seguido de um verbo no infinitivo que indique uma ação, não tenha dúvidas de que a maneira correta é para eu. Para mim é uma expressão que deve ser empregada quando “mim” exercer a função de objeto direto, já que “mim” é um pronome oblíquo que não pode exercer a função de sujeito quando esse apresentar um verbo posposto que indique ação. Assim sendo, “mim” não faz nada, quem faz sou eu, nós, vós, eles... Exemplos: Meu namorado trouxe uma caixa de chocolates para mim.
Dica 5: Meia / Meio
✔ Ela ficou meio triste depois da conversa de ontem.
✘ Ela ficou meia triste depois da conversa de ontem.
Meio pode ser advérbio de intensidade e numeral fracionário. Como advérbio, apresenta sentido de “um pouco”, sempre vinculado a um adjetivo. Lembre-se de que ele não varia, ou seja, não é flexionado, portanto, não existe meia triste, meia cansada, meia maluca etc. Contudo, se meio for numeral, virá acompanhado de um substantivo, dessa forma, concordará com o gênero: meia xícara, meio litro, meia hora etc.

Mamãe, emagreci!

O filho chega correndo e  diz a mãe:
- Mamãe, mamãe!
- Que é, meu filho?
- Veja, mamãe, emagreci. Este short deu certinho em mim.
- Ah, meu filho, você não viu que essa roupa não é sua? isso é a bermuda de seu pai.

JSC

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Verbos Irregulares – algumas dificuldades

 ... Disse uma moça algo assim: “ Se eles preverem (…)”, o que me trouxe à mente a dificuldade que alguns tempos verbais apresentam para grande parte das pessoas.
Vamos analisar detalhadamente o erro que a entrevistada cometeu e os motivos que possivelmente induziram-na ao engano.
O verbo empregado pela moça foi o ‘ver’, conjugado (ao menos, foi a tentativa dela) no Futuro do Subjuntivo. Esse verbo é classificado como irregular, o que significa que, ao longo da conjugação, seu radical sofre alterações. Para complicar, o tempo verbal também tem particularidades dignas de nota. Vamos a elas:
Existem, dentro dos paradigmas (modelos) de conjugação verbal, os chamados tempos primitivos e os tempos derivados. Isso significa dizer que há tempos que são ‘filhotes’ de outros. Os tempos primitivos são Presente do Indicativo, Pretérito Perfeito do Indicativo e Infinitivo Impessoal. Sabendo-se esses três, podemos obter os demais tempos, a partir da aplicação de algumas ‘fórmulas’ quase matemáticas (não se assustem, é simples! Apenas subtração será envolvida hehe).
No caso específico do erro da entrevistada, o tempo que ela pretendeu empregar foi, como já dissemos, o Futuro do Subjuntivo. Esse tempo é derivado do Pretérito Perfeito do Indicativo e a ‘fórmula’ para a obtenção é a seguinte:
Tomemos o Pretérito Perfeito do Indicativo do verbo VER:
Eu vi
Tu viste
Ele viu
Nós vimos
Vós vistes
Eles viram
Agora, vamos utilizar apenas a 3ª pessoa do plural: viram. A fórmula é a seguinte:
3ª pess pl – am = 1ª pess sing Futuro do Subjuntivo
Aí, a partir da 1ª pess, é só conjugar as outras, usando o novo radical obtido (radical secundário). Ficará assim, com as conjunções quando ou se que dão ‘uma mãozinha’:
Viram – am = (quando eu) vir
Quando/Se
Eu vir
Tu vires
Ele vir
Nós virmos
Vós virdes
Eles virem
Mas… esse não é o verbo “vir”? Não! É o “ver” mesmo! Se aplicarmos a mesma fórmula ao vir, obteremos o seguinte:
3ª pess pl = eles vieram
Vieram – am = (quando eu) vier
Quando/Se
Eu vier
Tu vieres
Ele vier
Nós viermos
Vós vierdes
Eles vierem
Outros verbos irregulares costumam apresentar dificuldade semelhante, como o pôr (quando eu puser); fazer(quando eu fizer); trazer (quando eu trouxer); dizer (quando eu disser); ter (quando eu tiver); manter(quando eu mantiver) e assim por diante.
E o que teria levado a moça a conjugar erroneamente esse verbo? Bem, se aplicarmos a mesma ‘fórmula de derivação’ a um verbo regular, o resultado obtido na 1ª pess sing do Futuro do Subjuntivo terá aparência de Infinitivo. Como no verbo cantar:
Pretérito Perfeito do Indicativo
Eu cantei
Tu cantaste
Ele cantou
Nós cantamos
Vós cantastes
Eles cantaram
3ª pess pl – am = 1ª pess sing Futuro do Subjuntivo = Cantaram – am = (quando eu) cantar
“Quando eu cantar”… Esse “cantar” fica parecendo Infinitivo, mas é mera coincidência, ele é mesmo o resultado da derivação. Como nos verbos regulares essa coincidência se repete, algumas pessoas se atrapalham e acabam usando o infinitivo e não a forma derivada, principalmente nos verbos irregulares que lhes parecem ‘estranhos’. A entrevistada cometeu esse deslize: usou o ‘prever’, como base para a conjugação, errando assim o tempo verbal, como usam por aí ‘quando eu pôr”, quando eu fazer” etc, todos resultados do mesmo equívoco.
Até a próxima!

sábado, 28 de novembro de 2015

Languidez


No calabouço da alma,
Com  medo da sombra
Que assombra.
Cadeado trancado,
Preso no próprio corpo,
De ideia  oco;
Nada  resta,
No final do poço,
Além de  osso.

JSC

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

P.S.: Como Escrever Corretamente Siglas e Abreviaturas


-Use todas as letras maiúsculas:
  1. se a sigla tiver até três letras, como USP, CEF, PIS, ONU, OEA, PM;
  2. se todas as letras forem pronunciadas (com o nome de cada letra), como INSS, FGTS, BNDES, CNBB
-Com mais de três letras, formando sílabas: use só a inicial é maiúscula, como Unicamp, Embrapa, Unesco, Detran
Mais duas recomendações: em nenhum dos casos acima se emprega ponto e as siglas podem ser pluralizadas. No caso de plural, nada de imitar o caso genitivo da língua inglesa (não se lembra dele? É aquele caso que indica posse, no Inglês): não se usa apóstrofe, apenas o acréscimo da desinência ‘s’ de plural: PMs, DSTs, CDs, DVDs.
Agora, vejamos a questão das abreviações.
A abreviação, diferentemente da sigla, consiste em escrever de forma reduzida algumas palavras e expressões e encerrá-la com um ponto. Se a sílaba seguinte for iniciada por duas consoantes, ambas serão escritas e os acentos ou hífen da palavra original devem ser mantidos
Regra geral: escreva a primeira sílaba e a primeira letra da sílaba seguinte: tel. (telefone); cel. (celular); com.(comercial); séc. (século); pess. (pessoa); dec.-lei (decreto-lei).
E, como não poderia deixar de ser, lá vêm as exceções:
  • Algumas palavras são abreviadas por contração (supressão das letras do ‘meio’): Bel. (bacharel); cia.(companhia); Exa. (Excelência); Dr. (Doutor);
  • Algumas não seguem a regra e foram estabelecidas pelo uso:
    ap. ou apart. ou apto = apartamento
    cx. = caixa
    i.e. = isto é
    p.e. = por exemplo
    Q.G. = quartel-general
    S.O.S. = “Save Our Souls’’ ou Salve nossa alma, nos pedidos de socorro
Em tempo: o título Professor é abreviado seguindo-se a regra geral, portanto paramos no ‘f’ e encerramos com um ponto: Prof. e o feminino tem o acréscimo da desinência ‘a’: Profª. Pelo amor de todas as divindades, NÃO COLOQUE ‘O’ na abreviação de ‘professor’!!!
É claro que há muitas palavras que são empregadas na forma abreviadas e, igualmente, há muitas exceções, o que me leva a lembrar a você, leitor ávido por conhecimentos, que o dicionário é um aliado imbatível no caso de dúvidas neste assunto. Você pode recorrer também ao VOLP (Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa), que tem uma versão online, no sítio da Academia Brasileira de Letras (www.academia.org.br).

domingo, 15 de novembro de 2015

Existem ‘mais bem’ e ‘mais mal’?


A partir da leitura do artigo da semana passada, alguns alunos me questionaram sobre essas expressões:
Não existe ‘mais bem’, é sempre ‘melhor’, não é?
Bem… não exatamente. É fato que quando estabelecemos a relação de comparação com os adjetivos bom e mau, devemos usar as formas sintéticas melhor e pior, assim:
-Esta série é boa, é melhor que a anterior.
Ou
-Este show está ruim, está pior que o do ano passado.
Coincidentemente, as formas comparativas dos advérbios bem e mal são, também, melhor e pior, como vemos nas frases abaixo:
-Eu fui bem nas provas, mas meus concorrentes foram melhor.
Ou
-Ele foi mal nas provas, mas seus concorrentes foram pior.
Nessas duas frases bem e mal funcionam como advérbios de modo e têm uma forma sintética de comparação na segunda oração.
As coisas mudam quando temos uma estrutura composta por um verbo no particípio (lembram-se? Particípio é a forma nominal dos verbos, terminado em –ado e –ido, nos casos de verbos regulares, como cantado, vendido, partido, que podem funcionar como adjetivos).
Essas formas podem ser modificadas pelos advérbios bem e mal, como em bem-vestido, mal-humorado, bem-educado, mal redigido (às vezes com hífen quando funciona como adjetivo, às vezes sem, quando funciona como verbo).
Vejamos:
-Aquela redação foi mal redigida.
-Nessa frase, mal funciona como advérbio de modo, modificando o verbo redigida.
Tudo bem até aqui?
Agora vamos estabelecer uma comparação entre os modos. Para facilitar a visualização, vou lançar mão de ferramentas da Matemática (lembram-se do trabalho com expressões?):
-Aquela redação foi (mal redigida).
(mal redigida) tornou-se um conjunto só, expressando o modo como a redação foi feita. Agora, vamos comparar esse “conjunto”, com outra redação:
-Aquela redação foi mais (mal redigida) do que esta.
Nesse caso, temos o advérbio mais intensificando a ideia do conjunto ‘mal redigida’. É diferente de termos simplesmente ‘mais mal’ = ‘pior’.
Resumindo: se tivermos estruturas com particípio, usaremos “mais bem” + particípio ou “mais mal”+ particípio. Se a comparação for apenas entre ‘bem’ ou ‘mal’, usaremos as formas sintéticas ‘melhor’ ou ‘pior’. Vejam mais exemplos:
-Este quadro está mais bem pintado do que aquele.
-Meu irmão é mais bem-humorado do que eu.
Mas,
-Ele fala bem, fala melhor do que escreve.
-Ele representa mal, atua pior do que o outro ator.

InfoEnem

sábado, 7 de novembro de 2015

É não é

Nem todo poema é poesia
Nem todo riso é alegria
Nem todo conto é fantasia.

Nem todo quadro é  beleza
Nem todo choro é tristeza
Nem todo rei é realeza.

Nem todo silêncio é esquecimento
Nem todo  tempo é  momento
Nem toda dor é sofrimento.

Nem toda  fome é por comida
Nem toda  sede é por bebida
Nem toda  palavra  é pra ser  dita.

Nem toda  esposa é uma mulher
Nem toda  crença é fé
Nem tudo é o que é.



Joerlândio Cordeiro

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Entenda os Conceitos de Gramática Normativa e Descritiva

Na escola, estudamos gramática. Não é comum ouvirmos falar em “gramáticas”, mas a verdade é que existe, sim, mais do que uma! Já ouviu falar em gramática normativa e gramática descritiva? Vamos ver quem são elas e quais as diferenças que as caracterizam.
Antes, confira um trecho da obra Sítio do Picapau Amarelo, do Monteiro Lobato, para introduzir tal discussão.
“Pilhei a senhora num erro!”, gritou Narizinho. “A senhora disse: ‘Deixe estar que já te curo!’ Começou com o Você e acabou com o Tu, coisa que os gramáticos não admitem. O ‘te’ é do ‘Tu’, não é do ‘Você'”…
“E como queria que eu dissesse, minha filha?”
“Para estar bem com a gramática, a senhora devia dizer: ‘Deixa estar que já te curo’.”
“Muito bem. Gramaticalmente é assim, mas na prática não é. Quando falamos naturalmente, o que nos sai da boca é ora o você, ora o tu; e as frases ficam muito mais jeitosinhas quando há essa combinação do você e do tu. Não acha?”
“Acho, sim, vovó, e é como falo. Mas a gramática…”
“A gramática, minha filha, é uma criada da língua e não uma dona. O dono da língua somos nós, o povo; e a gramática – o que tem a fazer é, humildemente, ir registrando o nosso modo de falar. Quem manda é o uso geral e não a gramática. Se todos nós começarmos a usar o tu e o você misturados, a gramática só tem uma coisa a fazer…”
“Eu sei o que é que ela tem a fazer, vovó!”, gritou Pedrinho. “É pôr o rabo entre as pernas e murchar as orelhas…”
Dona Benta aprovou. (…)
(Monteiro Lobato. Obra Completa. “Fábulas”, São Paulo, Editora Brasiliense)
No trecho, podemos analisar duas definições de gramática. A primeira é a que Narizinho diz que não admite certo tipo de fala e considera-o um erro. A segunda é a que Dona Benta diz que deve se adequar aos falantes. Pois bem, a gramática de Narizinho é a gramática normativa; a de Dona Benta, a gramática descritiva.
Normativo vem de norma. Isso é, a gramática normativa é aquela que aprendemos na escola como sendo a norma culta da Língua, e é utilizada na modalidade escrita formal.
Já a gramática descritiva tem como preocupação registrar a língua como ela realmente é falada. Isso não significa que ela não tenha regras ou que seja errada. Não existe linguagem certa ou errada. Existem erros dentro de uma certa convenção linguística, o que é diferente.
Como Dona Benta sugere, a língua sofre modificações em sua fala de acordo com o tempo e contexto social em que vivemos. E realmente, a gramática normativa tende a ir se modificando e se adequando à linguagem descritiva. A função da gramática descritiva é identificar todas as formas de expressão existentes e compreender quando, onde e por quem são produzidas, ou seja, realizar um estudo sociolinguístico.
O importante, para nós falantes e escritores, é identificar o contexto de nossas falas e registros para saber quando devemos usar a gramática normativa ou a descritiva.

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Dia Nebuloso

Hoje acordei, mas preferia estar dormindo,
Talvez preferisse não mais ter acordado.
Não há mais  motivo para minha existência:
Enterrarei no lado frio do meu coração
Aquela que por tanto tempo amei.  
Jogarei flores e rosas perfumadas,
Jogarei jasmim -- o perfume do nosso amor.
Queria ter ido contigo,
Pois assim  ficaria ao teu lado,
Para sempre amar e sentir-me  amado.
Hoje é um dia nebuloso para nós,
Tenho que enterrar uma parte de mim.
Vai em paz, minha amada;  e eu, talvez, resistirei.
Dilacerada esta parte fica;  a outra se foi. 
Então o que fazer com  ela, senão enterrar?
Hoje é um dia nebuloso: fim do nosso eterno amor.

Joerlândio Cordeiro

Putrefação da humanização

Povoa na micose do meu cérebro
Pensamento pútrido sobre
A nefasta negra cruz;
O corvo que para o caixão seduz
Mesmo aquele que deseja viver.

Envolve o corpo de rama,
Cava na escura lama
Mais uma cova fria para
Outra orgia dos vermes
Que querem comer. 

Com a chegada do nutriente,
Os germes indiferentes
Enfeitam-se para o banquete;
Abastado ou desprovido  
O corpo enrijecido serve de deleite.

Porta cerrada, depois da entrada,
Cadáver de caixa fechada,
Aberto à navalha da fome;
Em carcaça tornar-se-á
Daquilo que foi homem.

Joerlândio Cordeiro


quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Confira Uma Análise do Tema da Redação do Enem 2015

O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2015 entrou para a história como a versão mais libertária de todas, já que fez com que os mais de 7 milhões de candidatos refletissem sobre feminismo e a violência contra as mulheres. Em uma sociedade tradicional, patriarcal, machista, misógina e sexista como a brasileira, na qual as mulheres ainda são vistas como objetos sexuais, submissas às vontades dos homens e inferiores no mercado de trabalho, o que o Enem 2015 fez ao trazer Simone de Beauvoir (filósofa e escritora francesa) e abordar como tema da proposta de redação a violência contra a mulher foi evidenciar que a desigualdade entre os gêneros e o ódio pelas mulheres devem acabar no nosso país.
A violência contra as mulheres, infelizmente, é um tema recorrente no Brasil, tanto que no fim de 2014 o sugerimos como um tema relevante e possível para o Enem 2015, já que inúmeros casos de assédio sexual, estupros e feminicídios começaram a vir à tona aliados ao pensamento errôneo de que, muitas vezes, as mulheres são culpadas por usarem roupas curtas, justas e decotadas. A cada dia que passa, o assunto ganha mais visibilidade com as campanhas “Chega de Fiu Fiu”, por exemplo, que combate as cantadas ofensivas nas ruas, nos transportes públicos, no ambiente profissional etc.
Voltando o nosso olhar para a proposta de redação do Enem 2015, o comando do tema foi “A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira”. A palavra “persistência” diz respeito a algo que é constante e, nesse caso, é algo muito negativo, pois apesar dos avanços que a lei Maria da Penha trouxe, a violência contra as mulheres é um crime que ainda persiste no nosso país. Assim sendo, o candidato que argumentou que não existe violência contra a mulher no Brasil, ou seja, que foi contrário ao comando do tema e ao recorte temático da coletânea de textos motivadoresprovavelmente terá a sua redação zerada.
Já o candidato que relativizou o tema, isto é, que negou o seu caráter absoluto, diminuindo de alguma forma a importância da discutir a violência contra as mulheres, argumentando que é um exagero, por exemplo (como nas redes sociais), provavelmente tangenciou o tema e, assim, terá uma nota muito baixa como um todo.
Quem negou ou relativizou o tema não deu a devida atenção aos textos motivadores da coletânea textual, não os leu de maneira adequada – e mostrou-se um machista, infelizmente – já que os dados expõem a violência contra as mulheres em números e estes são estarrecedores.
Texto 1, por exemplo, extraído do Mapa da Violência de 2012, afirma que entre os anos de 1980 e 2010 mais de 92 mil mulheres foram assassinadas no Brasil, 43,7 mil só nos últimos dez anos, resultando em um aumento de 230%. É importante ressaltar, nesse contexto, que a lei Maria da Penha entrou um vigor em 2006, ou seja, nos últimos quatro anos dessa pesquisa já abrangeram a vigência da referida lei e, mesmo assim, as mortes de mulheres só aumentaram.
Imagem: Reprodução do caderno com textos de apoio da proposta de redação.
Imagem: Reprodução do caderno com textos de apoio da proposta de redação.
Texto 2, por sua vez, é um gráfico que representa os números de cada tipo de violência contra as mulheres, já que esta pode se dar por meio de vários crimes, como por exemplo, violência física (51,68%), violência psicológica (31,81%), violência moral (9,68%), violência sexual (1,94%) e assim por diante. Esses dados são de 2014 e é fundamental enfatizar que tratam-se de números oficiais, ou seja, que chegaram ao conhecimento das autoridades policiais por meio de denúncias e é de conhecimento de todos que muitas mulheres, vítimas de agressões físicas, assédios sexuais e estupros não denunciam seus agressores por medo, por vergonha, por insegurança etc.
Já o Texto 3 é uma campanha sobre os feminicídios, isto é, sobre os assassinatos de vítimas mulheres por elas serem mulheres e nada mais, já que existem homens que odeiam as mulheres e as matam simplesmente por isso. O feminicídio, aliás, foi transformado em crime hediondo em março deste ano.
Finalmente, o Texto 4, é, na verdade, um conjunto de infográficos sobre o impacto em números da lei Maria da Penha. Ficamos contentes com esses dados, já que uma das propostas de redação do nosso Curso de Redação é, justamente, osefeitos da lei Maria da Penha no Brasil. É o Texto 4 que dá abertura para o candidato refletir sobre a proposta de intervenção social, já que ele nos mostra, assim como o Texto 1, que a referida lei proporcionou um avanço no assunto, mas não o solucionou, lembrando, de novo, que esses números são os oficiais e, sem sombra de dúvida, são maiores se pensarmos nos casos que não são denunciados pelas vítimas.
O Texto 4 nos mostra que existem, no Brasil, 52 varas especiais e juizados especializados em violência doméstica e familiar contra as mulheres; tendo em mente a proporção continental do nosso país e o número de habitantes, esse número não é suficiente. A referência não traz a data de publicação desses dados, o que é uma falha de elaboração da proposta de redação, mas temos a informação de que apenas 33,4% dos casos foram julgados, isto é, um número muito pequeno que demonstra o quanto a justiça brasileira é lenta.
Há homens que sofrem violência doméstica e se apoiam na lei Maria da Penha, já que essa diz respeito à violência doméstica e, por isso, 58 mulheres foram enquadradas e presas por essa lei em 2010; porém, o número de homens enquadrados e presos no mesmo período é muito maior: 2.777.
Portanto, podemos afirmar que as mulheres sofrem uma violência específica, já que são assassinadas porque são mulheres, assediadas nas ruas, nos transportes públicos e no ambiente profissional e estupradas por desconhecidos e conhecidos, já que sete em cada dez mulheres afirmam terem sido agredidas pelos seus companheiros (maridos, noivos, namorados dentre outras formas de relação).
Deste modo, como apenas a vigência da lei Maria da Penha não colocou um fim à violência contra as mulheres, como podemos combater a sua persistência na sociedade brasileira? Basicamente esta é a pergunta que a coletânea de textos motivadores fez aos candidatos ao Enem 2015, além de questionar, nas entrelinhas, como podemos fazer com que o número de denúncias aumente, como podemos conscientizar os cidadãos brasileiros, como um todo, como podemos lutar contra o machismo, como a judiciário pode se tornar mais efetivo nesses casos etc.
Infelizmente, o candidato não pode alegar surpresa em relação ao tema da proposta de redação do Enem 2015, já que a mídia noticia, todos os dias, casos de violência contra as mulheres. O seu grande mérito foi fazer com que todos nós, candidatos ou não, refletíssemos sobre esse tema que alguns machistas insistem em dizer que não é bem assim, persistindo em inferiorizar e diminuir a importância da mulher na sociedade.

Morena

Quem pra ti escreveu um poema, morena?
Quem pra ti dedicou uma canção?
Quem por ti passou  noite às claras, morena?
Quem por ti chorou rios de paixão?
Quem por ti dedicou palavras nas redes, morena?
Quem por ti sentiu-se preso  na solidão?
Quem por ti sofreu a angústia da saudade, morena?
Quem  pra ti  já se declarou diante de um não?
Quem pra ti,  vive só por ti, morena?

Joerlândio Cordeiro

Pobre Poeta


Apodrecem os livros de poesias
na prateleira do poeta que partiu;
ninguém lê, ninguém vê... 

Poeira, traças, moscas e mofo
fazem  companhia do arsenal de riqueza
guardado com tanta  delicadeza; nobreza.

Pobre poeta morto; morto do encosto
do mau gosto da massa manipulada
por palavras empobrecidas e de fácil digestão. 


Lê-lo é  como catar feijão,
é digerir as palavras entrelaçadas
do  código de uma linguagem abandonada. 


Como é tênue a sua poesia para o fino leitor!
mas, há quem não veja esplendor. 
Pobre do pobre leitor. 

Sem nenhuma página virada,  
Esquecido ao tempo,
livro de boca fechada.

As  folhas  amareladas cobrem seu túmulo, 
as palavras enfeitam apenas sua lápide;
caso encerrado, livro mudo.


JSC

Caneta

Na mão
Uma arma
Com poder avassalador,
Apontada para o alvo
Imóvel,
Sem palavras,
Branco;
Esperando apenas
O comando:
Faça!
Destrua seu inimigo,


Use sua imaginação...

Vassala




 Mais uma vez vestida de luto, 
 Bruto o que assim te fez,
 Arrancando mais um filho  teu,
 Carregado pelo próprio rei.

Embriagada nestas trevas,
Sustentada não sei pelo  quê,
Despida de sua beleza,
Caminha sem nada ver.

Escrava do dia e da noite,
Que nem sombra consegue ter,
Isolada de todos  os outros,
Soturna  até o amanhecer.

A rainha branca voltou,
Diferente do olho abrasador,
Do insolente que teu filho arrastou,
Traz-te  unguento, alivia  a dor.

Madruga com a ancila,
Até o  majestoso voltar,
e  de forma grandiosa,
Sua cria a ela novamente dá.

Joerlândio Cordeiro

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Baixe a prova do Enem em PDF

Gabarito do Enem 2015 – Segundo Dia


Gabarito Enem 2015 – Uol (extra-oficial)
CinzaAzulAmareloRosa
91A91D91C91C
92A92E92D92E
93C93A93E93D
94D94A94A94A
95E95C95A95A
96B96E96B96B
97E97B97D97D
98D98D98E98E
99D99D99B99D
100B100B100E100B
101E101B101C101D
102D102B102E102C
103B103E103C103D
104B104D104C104D
105A105E105D105B
106E106E106B106E
107C107D107B107D
108C108A108E108C
109D109B109*109A
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