Atratividade e formação são os dois maiores problemas da docência no país. Sem desatar esse nó, fica difícil avançar
Formação inicial desvinculada da prática. Formação em serviço frágil. Longas jornadas de trabalho. Violência. Indisciplina. Turnos excessivos. Muitos alunos. Falta de apoio da gestão. Infraestrutura deficiente. A lista de problemas dos professores brasileiros é longa, mas a questão de fundo é uma só: o país precisa de uma ampla reforma educacional. "Não temos uma politica nacional para a docência", afirma Amábile Mansutti, coordenadora técnica do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec), em São Paulo.
Países como a Finlândia e a Coréia do Sul têm propostas consolidadas, que contemplam não apenas o salário dos profissionais, mas também planos de carreira bem estruturados, boa formação inicial e em serviço e ambientes de trabalho de qualidade. O resultado dessas medidas pode ser comprovado pela posição dessas nações em rankings como a do Pisa. Já no Brasil, onde não há uma política voltada aos docentes, os resultados continuam ruins, ano após ano. E a ausência de uma politica de Estado traz impactos já na atração e retenção dos profissionais.
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Outra questão crucial diz respeito à formação que esses jovens recebem ao ingressar no curso superior. O Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) de Pedagogia, de 2008, indica que 14% dos cursos apresentam desempenho insuficiente. Apenas 3% foram considerados excelentes. Além disso, a maioria dos currículos não contempla as questões práticas da sala de aula. A ênfase recai sobre saberes teóricos distantes da realidade, enquanto as metodologias de ensino e as didáticas de cada disciplina são negligenciadas. Segundo o estudo da FFC e da FVC, apenas 28% das matérias se referem à formação profissional específica. Depois da formatura, os problemas não se encerram. Não há planos de carreira que contemplem o desenvolvimento profissional, a fixação do docente em uma escola, a formação em serviço atrelada à oportunidades de estudo e de reflexão sobre a prática.
O resultado dessa conjuntura fica escancarado nas pontuações dos alunos brasileiros em exames como o Saeb e a Prova Brasil.
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