A senhora Antônia era
uma mulher solteira, muito pobre, porém muito bonita. Aos domingos costumava ir à feira de troca de aves, conquistava um dos frequentadores e o levava
para a sua casa. Também só era convidado
aquele que ainda tinha a mercadoria: Um frango, uma galinha, um passarinho... Imediatamente
ela colocava a pobre ave em sua pequena caixa para garantir o almoço.
Um certo dia de domingo...
-- Dona Antônia... Sua boceta é muito pequena. ..
-- Pequena?!
-- Sim. Sua boceta é tão pequena que não cabe o meu pinto.
-- Cabe sim!
-- Não cabe... Você
não está vendo que o bichinho está sufocando!
-- Com um jeitinho cabe.
-- Você acha que cabe?
-- Claro que cabe... A semana passada eu levei a pomba de
seu Joaquim.
-- Uma pomba?!... Uma
pomba é muito pequena!
--Pois, essa não era.
Ela era muito gordinha, até!
-- Mas, mesmo assim...
-- Mas mesmo assim nada! Uma pomba gorda é como um pinto!
-- Uma pomba gorda não pesa
meio quilo, mas meu pinto está com quase um quilo.
-- Só que seu pinto não tem ovo. Bem diferente da pomba de
seu Joaquim que tinha dois ovos. Comi a pomba com os ovos e tudo. Se eu
soubesse que ia dar essa confusão toda por causa de um pinto, eu tinha deixado
para comer os ovos da pomba de seu Joaquim hoje.
-- O meu pinto está crescendo e você pode até deixá-lo crescer muito mais, e
quando estiver um galo, você pode comer por vários dias.
-- Você está com muitas voltas... Vai ou não vai botar o
pinto?... Vamos tentar botar de novo!
-- Poxa, sua boceta é muito pequena... Está vendo que não
cabe? Vai matar o pinto sem fôlego!
-- Ô, homem mole! Bota logo!
-- O meu pinto vai morrer aí dentro. Não vou botar o meu
pintinho, que cuidei desde novinho,
dentro de uma boceta tão apertada... Deixa que eu levo o meu pinto na
mão até a sua casa. Se eu chegar com o pinto morto em sua casa não terá nenhuma valia para nós.
Após tanta confusão, Dona Antônia caiu fora soltando fogo
pelo nariz e o dono do pinto arrependido, concluiu:
-- É melhor matar o pinto na boceta do que vê-lo crescer na
minha mão... Dona Antônia, venha cá!!
Joerlândio Cordeiro