sábado, 9 de março de 2019

Linguagem Formal x Informal: Qual Usar na Redação Enem?


Pois bem, você já está se encaminhando para ser (ou pelo menos tentar ser) um leitor mais assíduo e já se organizou para seguir as dicas sobre como encaixar a redação (e os treinos) em seu tempo de prova. Hora de começar a escrever, certo? Iniciemos então por um detalhe mais macro na estrutura da redação, mas que ainda causa dúvida a muita gente: que tipo de linguagem posso e não posso usar na produção de texto no Enem? Nada mais justo do que iniciarmos por observar os dois tipos mencionados no título e suas características!

Linguagem informal

Essa você conhece muito bem: é a que usa pra se comunicar com seus amigos, familiares e todas as outras pessoas com as quais convive no dia a dia e não tem uma relação de hierarquia específica (dependendo da empresa em que trabalha, por exemplo, e do ambiente construído ali, talvez não tenha tanta liberdade com seu chefe, alguns colegas de trabalho e/ou clientes). Resumindo, é a linguagem “normal” que usamos pra conversar com a maior parte das pessoas todos os dias.
Leve em conta que a linguagem informal ou algumas de suas características não são erradas, como muitos podem achar. Essa é uma linguagem perfeitamente útil e funcional para nos comunicarmos eficientemente no dia a dia. O que acontece é que em todas as línguas há contextos e contextos para utilizarmos suas diversas variações. No caso da redação do Enem, a informalidade não será muito bem avaliada, pois a exigência ali é de outra variação da língua portuguesa: a modalidade formal (já falaremos dela!).
Sabendo que o português que usamos pra nos comunicar no dia a dia não vai nos levar a uma pontuação muito boa na redação, podemos nos lembrar de algumas características dele que devem ficar de fora desse tipo de produção:
Tom de “revolta”, ao escrever algo como “é um absurdo que…”. Esse tipo de comentário não cabe no formato de texto exigido, tanto por ser mais informal (certeza que você já usou uma expressão dessas em um textão no Facebook – ambiente informal! Hehehehe) quanto por se tratar de um posicionamento um pouco mais pessoal, quando a dissertação argumentativa deve ser mais embasada em argumentos e fatos para convencer o leitor de seu ponto de vista.

A primeira pessoa deve ser evitada. Especialmente colocações como “eu acho” e “na minha opinião”. Elas são expressões um pouco mais informais também e não se encaixam na modalidade exigida pelo Enem, que pede um posicionamento mais “neutro” (tema no qual vamos nos aprofundar em um próximo artigo).
“Conversa” com o leitor. Dizer coisas como “e se fosse com você?” ou “você deve fazer isso” são exemplos de informalidade que devem ser evitados na redação.

Linguagem Formal

Essa não tem jeito: é aquela que você aprende na aula de português e vê na maior parte da mídia escrita (jornais, revistas e livros – online também vale, viu?). Portanto, voltamos à nossa dica: leia! Além disso, prestar bastante atenção e praticar na aula de português não vai fazer mal algum! Então nada de cabular aulas esse ano! Ela também é usada na fala, mas em momentos um pouco mais “sérios”, como em reuniões e até mesmo apresentações na escola (afinal, você muito provavelmente não inicia um seminário na escola dizendo coisas do tipo “E aí galera, beleza?”, né? Hehehe)
Como já exemplificamos acima o que não cabe na produção textual do Enem, por eliminação fica mais fácil sacar qual tipo de linguagem vai ser possível usar e nos trará notas maiores! A modalidade formal é livre de abreviações (só podem as de nomes de instituições, com o devido significado na frente, ok?), raramente usa “você” e conjuga os verbos bonitinho, de acordo com o que você aprende na aula mesmo (eu disse pra não cabular aula, não disse?). Em resumo, a linguagem formal é a que vemos mais na mídia escrita e falada e é a que vai nos ajudar a conseguir uma maior pontuação na redação do Enem, por ser exatamente a modalidade exigida.

Infoenem

Proposta de Redação do Enem ( As instruções)

Em artigos anteriores tratamos de pontos bastante gerais em relação à produção de textos: leitura e escrita, organização de tempolinguagem a ser utilizada e como se manter atualizado. Com essas ferramentas em mãos, já podemos começar a mergulhar um pouco mais nos detalhes da redação do Enem. Trata-se de uma produção bastante específica, com suas exigências próprias, mas que também tem bastante material disponível a ser analisado (a Cartilha do Participante, por exemplo, que é reelaborada todos os anos, o edital e a própria proposta no caderno de questões) e que, bem compreendido, pode evitar perda de nota (ou redação zerada #Deusmelivre) por motivos bobos.
O assunto de hoje é aquele pequeno parágrafo para o qual você muito possivelmente não dá tanta atenção ao ler a proposta (provavelmente porque já o viu por aí mil vezes, e não te culpo nem um pouco, mas vem comigo e façamos mais um esforcinho), mas que dá instruções valiosas e vale bastante a pena analisar frase a frase, então vamos lá!

Relembrando

O trecho que dá instruções sobre como produzir seu texto (excluindo as menções ao que pode zerar sua nota, como as sete linhas e tudo mais, que ficam pra outro artigo) é este aqui:
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo – argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema ‘Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet’, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.
Vamos separar cada um dos trechos e, rapidamente (já que uma análise mais profunda deles implica em conhecermos os critérios corrigidos, e pra isso precisaremos de, no mínimo, um artigo pra cada um pra conversamos melhor sobre), observar como eles podem nos ajudar a saber o que deixará a redação no Enem num bom nível.

A partir da leitura dos textos motivadores

Esse primeiro trecho parece óbvio, mas não é tão rara a famosa fuga ao tema. Ela parte justamente daqui! É preciso compreender que o título não é a única parte da proposta que será considerada para validar se você entendeu ou não o que foi pedido e está sendo tratado. Os textos motivadores são de extrema importância e podem muitas vezes ditar o que será considerado válido dentro daquela temática ou não, por detalharem de certa forma o que é esperado que o aluno desenvolva. Por isso, leia-os sempre com extrema atenção e não fuja muito dos tópicos em relação àquele assunto que foram tratados dentro deles (e isso não quer dizer de jeito nenhum que você é obrigado a concordar com eles. Fique à vontade para trazer suas argumentações e contestá-los, desde que sejam factuais e bem colocadas.).
Norma culta e seu antigo debate

Com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação

É aqui que está o trecho mencionando os conhecimentos externos que você deve trazer para a redação. Não basta argumentar bem mas fazer isso baseado em “achismos” e senso comum. É necessário inserir conhecimentos desenvolvidos ao longo de sua formação escolar (contextualização histórica, estatísticas, geografia etc.), bem como os adquiridos ao longo da vida através da recreação (sim, exemplos de séries, livros, filmes, figuras importantes naquele campo e obras de arte também valem! EBA!) e da informação diária (TV, rádio, jornais, revistas, internet) vinda de fontes IDÔNEAS (peloamordeDeus, não se esqueçam disso! Nem pensem em usar coisas que leram no Whats, tá?).

Redija um texto dissertativo – argumentativo

Esse tipo de texto possui características específicas e que merecem ser tratadas com cuidado em um próximo artigo. Mas Já dá pra ter uma ideia de que cartas, narrações ou poemas vão conseguir um lindo zero. Não quero ninguém que tenha lido essa coluna zerando redação com esse detalhe, hein?

Em modalidade escrita formal da língua portuguesa

No nosso penúltimo artigo tratamos das diferenças entre a linguagem formal e a informal. Portanto, já sabemos que vamos utilizar a modalidade formal e que muito provavelmente linguagem informal nos desconta alguns pontos. A menção à língua portuguesa também pode parecer incrivelmente óbvia, mas não custa nada lembrar que há grandes probabilidades de uma redação escrita em língua estrangeira ser zerada. Não se preocupe, no entanto, com estrangeirismos ou palavras em inglês incorporadas ao nosso vocabulário: elas podem ser usadas normal e tranquilamente!

Apresentando proposta de intervenção que respeite os Direitos Humanos

Essa é a questão mais polêmica do Enem até hoje! Até o Supremo Tribunal Federal ficou no meio da história. Mas sem pânico! Para entender o que são os direitos humanos, leia este artigo na íntegra. É um documento bastante simples e não tão extenso assim para ser lido. Alguns exemplos de atitudes que ferem esses direitos são a tortura, escravidão e censura. Depois de entender bem o que são os Direitos Humanos, é só sugerir soluções para a questão colocada em pauta que não firam nenhum deles. Alguns alunos em anos anteriores, quando o tema tratou da inclusão dos surdos, sugeriram extermínio e isolamento social para os indivíduos portadores de deficiência. Levaram um belíssimo e merecido zero na competência que trata da proposta de intervenção. Então sem tentar fazer gracinhas ou humor negro logo na conclusão de um texto que estava sendo lindamente conduzido, hein, galera?

Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista

Aqui entra mais um ponto a ser tratado com mais detalhes em outro(s) artigo(s), já que tratam de uma profundidade maior do texto: a seleção e organização de argumentos e as relações construídas entre eles através de seu texto de forma que tudo faça sentido. Na minha opinião pessoal, esse é o item que leva mais tempo para ser desenvolvido quando nos propomos a aprimorar habilidades na redação. Mas usando de um pouquinho de observação e atenção, podemos ir lapidando este quesito logo de cara. Por exemplo, ao reler um texto que produziu e sentir que ele parece uma espécie de “lista de argumentos” na qual só foi inserindo o que foi se lembrando, há chances de sua nota aqui não ser tão boa. Por isso é importante ficar de olho em nossos próximos artigos ao longo do ano e, acima de tudo, praticar! É necessário construir uma tese em seu texto e trazer argumentos para sustentá-la, relacionando cada um deles entre si e com a tese principal. Ao tentar fazer isso apenas no dia da prova, com certeza vai parecer um pouco mais complicado. Mas como você está seguindo nossas colunas e praticando a escrita, a dificuldade nesse quesito cai pela metade!

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