quinta-feira, 11 de abril de 2013

Para entender Fernando Pessoa


Álvaro de Campos, Alberto Caeiro, Ricardo Reis, Bernardo Soares ou Fernando Pessoa, ele mesmo? O professor universitário de Fernando Segolin fala do grande poeta da língua portuguesa

Fernando Segolin, 70 anos, é um dos mais respeitados especialistas de Fernando Pessoa dentro e fora do Brasil. Para este professor de Literatura e Crítica Literária da PUC-SP, a paixão começou aos 16 anos, no colégio, quando pela primeira vez leu um poema do poeta português - assinado pelo heterônimo Alberto Caeiro. "Fiquei impressionado com aquele à vontade da poesia de Caeiro, poesia simples, mas bastante intrigante no sentido de propor uma tese, a de não pensar, a de se livrar de toda e qualquer linguagem para assim chegar à verdade."

Caeiro era considerado mestre por todos os heterônimos de Pessoa, criador, por sua vez, de uma poesia revolucionária, na qual a presença de outros "eus" pode ser entendida como "... manifestações textuais por meio das quais o poeta procura concretizar suas múltiplas indagações com a realidade, o problema da existência, de sua razão de ser e de seu significado", realça Segolin. Assim, cada heterônimo ganhou uma identidade - e um jeito de pensar, sentir, reagir. "O signo poético de Pessoa é uma busca de novos caminhos que levam a surpreender paisagens até então insuspeitadas... Por força dessa inclinação experimentadora, a poesia de Pessoa é um gesto transgressor."

Autor de "Fernando Pessoa: poesia, transgressão e utopia", leitura fundamental para quem investiga o assunto, Fernando Segolin confessa que sonha vez por outra com o poeta português. "Sou um heterônimo dele com certeza... E o que Pessoa não viveu por meio dos heterônimos, digo que eu vivi." 

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