A
dissertação-argumentativa é um tipo textual da esfera escolar, ou seja,
um tipo de texto ensinado e escrito no ambiente escolar, e somente
nele. Ao concluirmos o Ensino Médio, partiremos para o ensino superior
e/ou para o mercado de trabalho e nunca mais escreveremos uma
dissertação-argumentativa, já que trata-se de um tipo textual escolar.
Escreveremos gêneros da ordem do dissertar e do argumentar, como por
exemplo, artigos de opinião, resenhas, editoriais, cartas do leitor,
cartas denúncia, manifestos etc, mas a dissertação-argumentativa
clássica, do modo como conhecemos, não mais.
Devemos este fenômeno ao fato de a dissertação-argumentativa ser um
tipo textual que necessita de uma simulação para ser escrita, já que é
um tipo textual escolar. Isto quer dizer que não há uma situação de
produção efetiva, próxima à realidade; não há uma motivação real. As
propostas de redação produzidas pelas livros didáticos, pelas apostilas,
pelos professores e pelos vestibulares são simulações, diferente de
alguém que, movido por uma motivação, escreve uma carta do leitor a um
jornal criticando uma reportagem, por exemplo.
Dissertações-argumentativas não possuem um leitor alvo como um artigo
de opinião em uma revista e sim têm como leitores, somente, professores
e corretores de redação dos vestibulares, mas por ser uma simulação,
devemos imaginar, ao escrevermos dissertações-argumentativas, um leitor
universal.
Esta situação simulada deve ser imaginada pelo candidato, no momento
da prova de redação do Enem, por exemplo, pois a
dissertação-argumentativa é um tipo textual por meio do qual ele
demonstra sua habilidade de analisar de modo coerente o tema proposto,
com o objetivo de defender um ponto de vista claro a respeito deste
mesmo tema. Assim, o candidato deve demonstrar sua habilidade em
organizar ideias, informações, dados, fatos – isto é, argumentos – e
estabelecer relações entre eles de modo a extrair conclusões coerentes.
Portanto, deve haver a defesa de uma tese e uma conclusão coerente com
esta tese.
Um candidato ao Enem ou a qualquer outro vestibular ou concurso deve
colocar-se, como autor de uma dissertação-argumentativa, como alguém que
possui a voz da razão, a voz da verdade e do bom senso e idealizar um
leitor universal que seja dotado de razão e, assim, construir um texto
sem marcar a interlocução, ou seja, escrever de modo impessoal.
Podemos demonstrar como deve ser a interlocução por meio do seguinte esquema:

Como a interlocução não deve ser
marcada em uma dissertação-argumentativa, o autor deve deslocar-se da
situação de produção escrita do vestibular e, assim, evitar o uso da 1ª
pessoa do singular, evitar referir-se à coletânea de textos e à proposta
de redação, evitar marcar a interlocução com o leitor não usando o modo
imperativo, por exemplo e não pressupondo que o leitor conheça a
coletânea textual e/ou a proposta de redação.
InfoEnem
Nenhum comentário:
Postar um comentário