Ela é jovem demais e foge como uma cadela no cio, que foge de muitos cachorros. Ela quer, mas tem medo. Tem medo do desejo do cachorro. Tem medo do cachorro. Se fosse apenas um desejo, não teria tanto medo, mas o cachorro tem muitos desejos. Ela finge está doente, quando percebe a vontade nos olhos do cachorro, assim mostra-se indiferente a tanto desejo. Ela vê a vontade no corpo, ela sente vontade, que cachorra não sentiria, já que esta está no cio. Nunca teve um cachorro. Suporta suas ânsias com tamanho sofrimento que a leva a sonhar por longo período.
Deita, rola, range os dentes, saliva, uiva; cachorra determinada, espanta, late, morde o cachorro para afastá-lo. Muitas vezes constrangido e intimidado com a situação, fica distante por alguns minutos e, como nada quer, aos poucos vai se aproximando daquela que finge não o vê, não está nem aí. Tudo volta ao normal.
Agora experiente, deitada, ela olha ao redor. É só mais um cachorro que entra, que a cerca, que sente seu cheiro, que a toca e a convida para o acasalamento, mas não precisa mais convidar, ela já está preparada para a festa. Já conheceu muitos outros cachorros. Seus desejos, agora, são muitos; são outros. Um só cachorro não dá. Ela precisa de matilhas, não para procriar, mas sobreviver, para pagar suas contas.
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