No fazer poético, os versos livres, também chamados de versos irregulares, não utilizam os esquemas métricos, nem as rimas, ou qualquer outro padrão musical, mas preocupam-se tão somente com o ritmo e a musicalidade natural da fala ou leitura. Alguns poetas e estudiosos afirmam que os versos livres possuem afinidades com a prosa, enquanto outros enxergam uma grande autonomia e distinção nessa forma poética. De qualquer forma, é inegável que os versos livres garantem ao poeta uma maior licença para se expressar e possuir maior controle sobre o desenvolvimento da sua obra. Consequentemente, os versos livres produzirão uma poesia espontânea e individualizada.
A consagração e fama desse verso no país viria, contudo, com o livro Pau-Brasil (1925), que não é só a obra de estreia em poesia do escritor Oswald de Andrade (1890 - 1954), como também um dos mais inovadores de toda a poesia produzida até então no país. O livro trazia versos livres em tom de prosa e uma linguagem simples e coloquial muito ousada para os padrões poéticos vigentes (e até mesmo se comparada aos versos livres de Guerra Duval). É notória tal ousadia no poema "Prenominais", que se encontra na segunda parte do livro, chamada "Poemas da colonização":
Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da nação brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro.
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